Educar por Inteiro
Capacitação de Pais e Educadores
para uma Cultura de Paz
Luis Henrique Beust
Presidência da
República – Secretaria Especial de Direitos Humanos
ONU – Fundo de
População das Nações Unidas
2003
Educar por Inteiro
Capacitação de Pais e Educadores
para uma Cultura de Paz
Sumário
Capítulo
1 ─ A Missão Sagrada dos Pais
Capítulo
2 ─ A Magia do Olhar Carinhoso
Capítulo
3 ─ O Poder do Toque Amoroso
Capítulo
4 ─ Atenção Concentrada: a Maior
Necessidade das
Crianças
Capítulo
5 ─ A Atenção Concentrada a Partir do
Primeiro Ano
Capítulo
6 ─ Disciplina: o Futuro dos Filhos é um
Reflexo do Lar
Capítulo
7 ─ A Disciplina que Dá Certo
Capítulo
8 ─ Os Fundamentos da Formação do
Caráter
Capítulo
9 ─ As Três Esferas da Educação
Capítulo
10 ─ Educação para a Ética e os Valores
Humanos
Capítulo
11 ─ Princípios da Educação Ética
Capítulo
12 - Atividades que Promovem a Educação
Ética
Capítulo 1
A Missão Sagrada dos Pais
As
Duas Pessoas Mais Importantes no Mundo
Há cerca de
seis bilhões de seres humanos sobre a face da terra que podem ser, para nossos
filhos, seus melhores amigos, parceiros, colegas, namorados, mestres e
companheiros de caminhada... Mas apenas dois podem ser seus pais. E estes são,
potencialmente, os dois mais importantes seres humanos em suas vidas.
O pai e a mãe são as duas pessoas que maior
influência terão sobre o desenvolvimento e a formação da criança. Essa
influência se dá tanto pela carga genética que transmitem a ela, como pela
forma como a amam, educam e cuidam dela. Mas aqui é necessário fazer, logo de
início, uma observação fundamental: há dois tipos de paternidade e de
maternidade. Há os pais biológicos ─ aqueles que dão origem à existência física
do ser humano ─ e há os pais de criação ─ os que amam, educam e cuidam da
criança.
Idealmente,
os pais biológicos serão também os que criarão a criança, conduzindo-a pelas
diversas fases de seu desenvolvimento e amadurecimento. Mas nem sempre isso acontece.
Algumas vezes os pais biológicos terão
pouca ou nenhuma relação com seus filhos, cabendo a outros o papel de pais de criação. Ou pode ser que apenas
a mãe, ou o pai, tenha que se encarregar desta incumbência.
Embora a
influência genética não possa ser descartada (como veremos no capítulo 8), é a
criação que tem maior peso sobre o desenvolvimento das crianças. Havendo um
útero, uma criança pode ser gerada a partir de um óvulo e um espermatozóide
qualquer. Mas nada, nada mesmo, pode substituir o amor, o cuidado e a educação
que cada criança precisa receber para que possa se desenvolver da melhor forma
possível.
Alguns chamam
os pais de criação de cuidadores, ou tutores, da criança. Porém, pensamos que
toda criança merece ter alguém a
quem possa chamar de pai e de mãe. E um homem e uma mulher que provêm
amor, cuidado e educação para uma criança merecem
ser chamados de pai e de mãe. Portanto, nesta obra, sempre que usarmos a
palavra pai e mãe (ou pais, quando nos
referirmos a ambos), estaremos entendendo, prioritariamente, os pais de
criação, sejam eles os pais biológicos ou não. Na verdade, apenas quem ama,
cuida e educa merece ser chamado assim.
Assim como cada
criança necessita de um pai e uma mãe para ser gerada, a boa educação exige dois
progenitores: amor e sabedoria. Geralmente, o amor é algo que acompanha naturalmente
o nascimento dos filhos. Pode ser considerado uma bênção gratuita. A sabedoria,
ao contrário, precisa ser adquirida através da observação, da informação, da
dedicação, da intuição, do diálogo, da empatia, do estudo e da meditação.
Também é uma bênção, mas nasce de nosso esforço e empenho.
Vale lembrar, porém, que não há sabedoria
que nasça sem amor. O amor é a raiz da árvore; a sabedoria é o tronco. Por isso, os pais
precisam garantir que seu amor pelos filhos seja sempre renovado a cada novo
estágio de desenvolvimento das crianças, cada qual com seus desafios, alegrias,
perigos e gratificações característicos. É esse amor que garante a mobilização
das forças necessárias para a aquisição da sabedoria e para a construção de um
relacionamento pleno de satisfação e significado.
Exercícios:
1.
Quais os dois progenitores da boa educação?
__________________________________________________________________________________
2.
Quais alguns dos elementos dos quais nasce a sabedoria?
Analise cada um deles com o grupo, procurando exemplos de sua manifestação na
vida do dia-a-dia.
__________________________________________________________________________________
3. (Complete)
“Não há ____________ que nasça sem amor. O amor é a ___________ da
árvore; a ___________ é o ____________”.
4.
Comente com o grupo suas idéias sobre a influência dos
pais biológicos e dos pais de criação na vida de uma criança.
O
Contexto do Amor entre Pais e Filhos
Nosso
relacionamento amoroso com nossos filhos não se dá num vazio. Ele nasce,
juntamente com nossas crianças, no contexto de todos os nossos relacionamentos
afetivos: com nossos pais, com nossos cônjuges e parceiros, com amigos e
colegas, com nossa cultura, nossa pátria, raça, religião, e também conosco
mesmos.
O amor por
nossos filhos, e deles por nós, é como descobrir um novo continente. Um continente
a ser explorado, conhecido e habitado, com todas as suas maravilhas e desafios,
riquezas e perigos, montanhas e planícies, desertos e mares... Este novo
continente passará a fazer parte do mundo que já conhecemos e com o qual
estávamos acostumados.
Justamente
por não se dar num vazio existencial, o amor entre pais e filhos, apesar de
especial e inigualável (como qualquer continente), faz parte de um conjunto
maior de relações, sendo, desde o início, profundamente afetado por todo o
contexto ao seu redor. Assim como a América, a partir do descobrimento, passou
a ter um intercâmbio cada vez maior com a Europa, a África e a Ásia, da mesma
forma será a relação com nossos filhos. Ela passará a ser cada vez mais
influenciada pela realidade de nossas vidas no seu contexto maior. A América,
no começo, era mais influenciada do que influenciava o resto do mundo. Da mesma
forma, nossos filhos, a princípio, serão mais influenciados do que
influenciarão o restante de nossas vidas. Porém, da mesma forma que a América, ao
se desenvolver, passou a afetar e influenciar cada vez mais os outros
continentes, nossas crianças, à medida que crescem e passam a expressar de
forma mais completa e madura suas personalidades, cada vez mais afetarão nossas
vidas em seus múltiplos aspectos.
O surgimento
dos filhos em nossa vida oferece uma série de oportunidades para reavaliar e
reconstruir nossos relacionamentos conosco e com o mundo ao nosso redor. Nesse
sentido, nossos filhos serão nossos mestres, com importantes e inesquecíveis
lições sobre a condição humana, suas maravilhas e dores, suas vitórias e frustrações.
Nossos pais nos educam por dezoito, vinte anos. Mas nossos filhos nos educarão
por quarenta, cinqüenta... Eles nos ensinarão a sermos pais de bebês, pais de
crianças, pais de adolescentes, sogros e sogras e avós. E, nesse processo,
geralmente nos ensinam também a sermos melhores filhos, melhores cônjuges,
melhores amigos e melhores seres humanos.
Na convivência
com nossos filhos, temos a oportunidade de testemunhar e reviver, numa dimensão
muito profunda, nossa própria infância. Aquela infância da qual geralmente não
temos nenhuma ou pouca memória, mas que deixou em nós marcas profundas e que
definiu muito do que somos. E, ao longo dos anos, vamos encontrando na vida de
nossos filhos os paralelos com a nossa própria vida, as semelhanças e
diferenças, e, nessa medida, reescrevendo nossa própria história, com novas
perspectivas, entendimentos e emoções.
Com nossos
filhos, em formas não-verbais e em dimensões quase que incomunicáveis:
a.
passamos a
compreender melhor a maravilha e o desafio da interação com o próximo,
através da relação com nossas crianças que, mesmo quando nascidas de nós, têm
identidades, características e vontades próprias. Assim, aprendemos a respeitar
mais a alteridade[1], a
individualidade, as características e as vontades de cônjuges, parentes,
parceiros, amigos e das pessoas em geral;
b.
podemos compreender
melhor nossa própria fragilidade, através da fragilidade e dependência de
nossos filhos, e, assim, aprendemos a encontrar dimensões de compaixão para
conosco mesmos, para com eles e para com o mundo ao redor;
c.
podemos compreender
melhor nossas próprias vitórias, através das lutas de nossos filhos por
crescer e se integrar no mundo, e, assim, aprendemos a ter mais respeito e
admiração por nós mesmos, por eles, e por todos à nossa volta;
d.
passamos a compreender
melhor nosso despreparo e insegurança na educação dos filhos, através dos
desafios constantes que eles nos apresentam, e, assim, aprendemos a valorizar
nossos poderes inatos de amor e sabedoria, e a ser mais justos e compassivos
conosco mesmos e, principalmente, com nossos pais.
Justamente porque a relação com nossos filhos
será influenciada pela qualidade de todas as nossas outras relações, deveríamos
aproveitar o seu nascimento para procurar analisar, diagnosticar e, na medida
do possível, tratar, curar e harmonizar todos os demais laços: com o cônjuge,
os pais, os irmãos, parentes, amigos, etc. Ao fazermos isso, estaremos, de
forma natural, dinâmica e sutil, atuando também sobre a qualidade do
relacionamento com nossos filhos.
Para
amadurecer nossas relações afetivas em geral, precisamos desenvolver a
habilidade de aceitar as pessoas como elas são, conscientes de seus defeitos e
dons, e sendo capazes de valorizar mais o que elas têm de bom do que seus
defeitos. A aceitação da ambigüidade, da imperfeição inerente à condição
humana, e o abandono da idealização como muleta da admiração e do amor, é uma
demonstração de maturidade e sabedoria. Quando abandonamos a exigência de que
as pessoas sejam como desejaríamos que fossem, aprendemos a amar mais e melhor.
Podemos separar as pessoas de seus atos. Somos então capazes de respeitar e
mesmo amar as pessoas, apesar de não aprovarmos, ou mesmo de detestarmos,
alguns de seus atos ou atitudes.
E, nesse
sentido, outra vez, nossos filhos podem ser nossos mestres, pois com eles
aprenderemos muito do amor incondicional, que é sua maior necessidade, e a de
todos os seres humanos.
Dentre as relações,
a que estabelecemos com o cônjuge é de extrema importância para definir o clima
geral de como lidamos com as crianças. Ela é a mais importante relação
dentro da família. Quando o clima entre o casal é amoroso e positivo, ele
transbordará para os filhos de maneira natural, na forma de amor, amparo,
cuidado, atenção e disciplina adequados. Ambos os pais encontrarão satisfação e
encantamento mútuos no trato com a criança. A relação de afeto de cada um com o
filho tenderá a reforçar a relação de afeto entre eles, e vice-versa.
Fica muito mais
difícil quando a relação conjugal não é boa. A tendência, nesses casos, é que
as crianças se tornem:
a.
bodes-expiatórios do conflito entre os pais,
recebendo muito da agressividade, do desrespeito, da desatenção e do desamor
que um parceiro sente pelo outro.
b.
pomos-da-discórdia, quando as crianças são
usadas para intensificar os ataques mútuos, quando os pais discordam
frontalmente com relação a aspectos como a disciplina, aparência e
comportamento da criança. Ou quando cada um dos pais tenta conquistar para si
uma medida maior do amor do filho, às custas do cônjuge;
c. tábuas-de-salvação,
quando cada um dos pais, por carência de afeto e amor na relação conjugal,
busca fazer do filho um companheiro e obter dele o afeto, consolo e apoio que deveria receber do cônjuge.
O filho se torna um provedor de
afeto, sendo levado a cuidar do bem-estar emocional do pai ou da mãe, em vez de
ser cuidado por eles. Nesses casos, os pais tendem a ser excessivamente
indulgentes, protetores, íntimos e dependentes com relação aos filhos.
Exercícios:
1.
Explique a metáfora que compara o nascimento dos filhos
com a descoberta de um novo continente.
__________________________________________________________________________________
2.
Por que o texto afirma que nossos filhos podem ser
nossos mestres? O que eles nos ensinam?
__________________________________________________________________________________
3.
Qual a relação mais importante dentro da família?
__________________________________________________________________________________
4.
De que forma a desarmonia conjugal pode afetar a
relação dos pais com as crianças?
__________________________________________________________________________________
5. Com relação ao texto abaixo,
discuta com o seu grupo as frases grifadas:
“O
princípio importante concernente ao desenvolvimento da afeição é que o indivíduo precisa ser amado para aprender
a amar. Em geral, o amor da mãe é incondicional; ela ama o bebê porque é seu filho.
Ama-o pelo que ele é. Todavia, as exceções não são infreqüentes. A indiferença materna e até mesmo a
hostilidade são estimuladas por falta de felicidade ou ajustamento no
casamento.” (Justin Pikunas3)
A
Natureza do Amor entre Pais e Filhos
Quando uma
criança nasce, ela geralmente recebe o melhor que um ser humano pode dar: amor
incondicional. Ela é amada apenas por ter nascido. Apenas por ser o que é:
um filhote de homem, cheio de potencialidades maravilhosas. Ao contrário
dos animais, que nascem com uma carga instintual marcante, que os capacita a
sobreviver sozinhos no seu meio-ambiente depois de algumas horas, ou, no
máximo, dias ou semanas, os filhos dos homens são totalmente indefesos e
necessitam do cuidado dos pais por longos anos. Uma criança é o mais
indefeso ser sobre a face da terra. E o amor incondicional dos pais é a maior
garantia de que ela poderá crescer e se desenvolver de maneira saudável e
feliz.
Amor
incondicional significa estimar, respeitar, valorizar e apreciar nossos filhos
independentemente de sua aparência, seus talentos, suas capacidades, suas
fraquezas, deficiências ou falhas. E, principalmente, amá-los mesmo que muitas
vezes seu comportamento seja inadequado ou desagradável! Mesmo que nem sempre
nosso amor seja correspondido como gostaríamos.
O amor
incondicional dos pais pode, na ausência de qualquer outra guia ou orientação,
conduzir tanto os pais quanto as crianças para um porto seguro, apesar das mais
graves tempestades emocionais. Existe, dentro de cada mãe e pai, um
reservatório inato de sabedoria que é mobilizado pelas forças do amor
incondicional. Da mesma forma, existe nas crianças uma capacidade inata de
apresentar aos pais sinalizações e dicas de como precisam ser cuidadas,
quando o amor incondicional é o alicerce da relação.
Embora o amor
incondicional seja quase automático ao nascer a criança, ele precisa ser
aprendido e cultivado para que se torne pleno. Precisamos desenvolvê-lo de
forma constante para que permaneça a base de nossa relação com os filhos ao
longo de toda a sua vida. E cuidar para que o trabalho e os sacrifícios
naturais na criação dos filhos não encubram este amor essencial. Para isso,
devemos procurar nos lembrar dos seguintes pontos:
a.
A maior necessidade de nossos filhos, para que possam
se desenvolver adequadamente é o amor da mãe e do pai. Este é o fundamento
sobre o qual todo o desenvolvimento infantil repousa. Quanto mais e melhor uma
criança for amada, melhor será seu desenvolvimento em todos os sentidos.
b.
Nossos filhos já nascem com uma personalidade com a
qual teremos que interagir. Eles, apesar de pequenos, ignorantes e
indefesos, não podem ser tudo o que queremos que sejam, pois já são, em grande
medida, eles mesmos, com características próprias, que podem ser aprimoradas, moldadas e lapidadas, mas
não modificadas totalmente. Tendo isso em mente, nós pais precisamos
desenvolver a capacidade de escutar os filhos, de entendê-los e respeitá-los.
Esse tema será estudado no capítulo 8 Fundamentos da Formação do Caráter.
c.
Nossos filhos não são maduros nem independentes o
suficiente para nos tratar como gostaríamos de ser tratados, nem para nos
compreender como adultos. Por isso precisamos compensar essa sua fraqueza sendo
especialmente compreensivos e pacientes. Nós pais devemos ser os iniciadores e os provedores do respeito e do amor,
mesmo que a criança não tenha capacidade de agir da mesma maneira. Não devemos
esperar recompensas ou manifestações de agradecimento, nem mesmo reciprocidade
ou apreciação da parte delas. Precisamos nos sentir responsáveis por iniciar e
manter a relação amorosa apesar de todas as dificuldades e incompreensões.
d.
Crianças são como espelhos: elas refletem, mas não
iniciam o amor. Se recebem amor, retribuem. O amor incondicional é refletido
incondicionalmente e o condicional, condicionalmente. As crianças precisam ser
amadas pelo que são, não pelo que fazem. Se forem amadas apenas quando fazem o
que os pais desejam, irão comportar-se como os pais desejam apenas para
conseguir o que querem.
e.
Não podemos mudar a natureza da criança, por isso, é
fundamental mudar a natureza da relação da mãe e do pai com a criança. Essa
relação precisa ser o mais respeitosa, harmoniosa e plena de amor possível.
f.
Por mais óbvio que isso pareça, precisamos
nos lembrar sempre que as crianças são crianças; que elas agem como
crianças; e que grande parte do comportamento infantil incomoda os adultos.
Também entender que, não importa o que a criança faça, ela se comporta daquela
maneira, muitas vezes perigosa ou desagradável, porque está testando como é que
o mundo funciona, inclusive seus perigos e limites. Geralmente, a criança acha
que seus comportamentos estão certos e leva muitos anos, através da amorosa
disciplina dos pais, para se convencer de que alguns deles não estão.
g.
O amor incondicional capacita a criança a abandonar o
comportamento desagradável, pois quando se assegura de que ela é amada, mas
alguns de seus comportamentos não, então consegue abandonar aqueles
comportamentos que desagradam aos pais. Ela
aprende a se separar dos maus comportamentos porque os pais não a confundem com
eles. Desta forma, pode e deve haver amor incondicional pela criança em
todos os tempos, bem como recompensa e punição aos atos da
criança, conforme estudaremos no capítulo 6, Disciplina: o Futuro dos Filhos
é um Reflexo do Lar.
h.
O amor condicional gera insegurança, baixa auto-estima
e dificulta, se não impede, o progresso no autocontrole e amadurecimento da
criança.
Exercícios:
1.
Como seu filho expressa amor?
__________________________________________________________________________________
2.
Qual é o amor ideal que deve servir de base para a
educação e disciplina das crianças?
__________________________________________________________________________________
3.
O que geram o
amor condicional e o amor incondicional?
__________________________________________________________________________________
4.
“A criança não deve ser _________ ou ________ por estar
pouco desenvolvida. Ela deve ser ______________ educada”.
5.
Por que as
crianças refletem como o espelho?
__________________________________________________________________________________
6. Cite
algumas situações em que a criança refletiu o amor incondicional:
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
A
Principal Dinâmica do Amor entre Pais e Filhos
A principal
qualidade do amor entre pais e filhos, e a principal necessidade da criança, é
a atenção constante e a empatia dos pais às suas necessidades, características
e desenvolvimento. Estudaremos mais em detalhes esta dimensão do amor dos pais,
a atenção concentrada, nos capítulos 4 e 5. Mas é importante, já agora,
ressaltar este fato.
O que dá
coerência e significado a todas as múltiplas dimensões do desenvolvimento
infantil é o contínuo relacionamento amoroso com os adultos significativos ao seu redor. O desenvolvimento de
uma criança é muito complexo. Ele tem aspectos físicos, intelectuais, sociais,
emocionais, morais e espirituais. E o melhor desenvolvimento infantil não se dá
pela aplicação, por parte dos pais e educadores, de uma sucessão de regras e
normas de conduta. Tudo o que a criança necessita para se desenvolver
adequadamente não custa nada, pois este elemento vital não é outra coisa senão a
presença amorosa dos pais em sua vida (lembrando sempre que, para nós, pais são aqueles adultos provedores de
amor e cuidado).
A
principal capacidade a ser descoberta pelos pais e empregada por eles na
criação de seus filhos é a empatia. A habilidade de continuamente
adaptar suas emoções, atitudes e forma de agir às características e reações de
seus filhos. Essa capacidade já existe, potencialmente, dentro deles, e, com
confiança em seus dons naturais, poderão garantir o sucesso de seus esforços
educacionais, desde que o amor seja a base do relacionamento. É a construção de
um permanente diálogo não-verbal com a criança, em que ela mesma nos ajuda a
identificar o que mais necessita para seu bom desenvolvimento, a melhor
garantia da boa paternidade.
As
crianças são mais educadas pelo que sentem e vêem do que pelo que
escutam ou obedecem. Por isso, não se preocupe por seu filho não dar atenção
ao que você diz. Preocupe-se por ele observar tudo e como você faz!
Por perceber tudo o que você sente! Tenha
sempre em mente que a criança é incrivelmente sensível aos sentimentos, atos e
reações de seus pais.
a.
As crianças são, acima de tudo, educadas pelas
emoções. Antes de compreender qualquer coisa do mundo as crianças já são
capazes de perceber as emoções da mãe, do pai e das outras pessoas com quem
interagem constantemente, reagindo a elas. Quanto mais essas emoções forem
positivas, plenas de amor, aceitação, confiança e encorajamento, tanto melhor
será o desenvolvimento da criança, seja físico, intelectual, moral e
espiritual.
b.
A criança é profundamente influenciada pelos padrões emocionais que estão por
trás do comportamento dos pais. Mesmo que não consiga compreender o
significado adulto dos humores e comportamentos deles, ela detecta a qualidade básica das emoções e reage a ela. Por isso,
entenda que sua criança será educada muito mais pelas emoções que ela
identifica em suas palavras ou ações, do que pelas coisas que você faz ou
diz.
c.
Devido a este fato, tenha cuidado com a maneira como
você se relaciona com as pessoas, como lida com situações difíceis ou expressa
seus sentimentos na frente das crianças. Elas
sempre captarão a energia emocional básica que emana nesses momentos, e serão guiadas por ela. Procure,
assim, administrar da maneira mais positiva possível sua vida, e isso, por si
só, será o mais importante fator educacional para seus filhos. Isso significa,
acima de tudo, desenvolver virtudes e capacidades espirituais como a paciência,
o perdão, a compaixão, o amor, a bondade, a resignação, a perseverança, o
otimismo e a fé. Quanto mais estes valores forem reais na sua própria vida,
mais eles se manifestarão na vida de seus filhos.
d.
Justamente devido a essa extrema sensibilidade às
emoções básicas, a criança consegue detectar facilmente quando alguém não está
sendo verdadeiro. E essa dissimulação é profundamente
perturbadora para a criança. Por isso, procure sempre ser honesto e sincero com
relação a seus humores e comportamentos. É preferível dizer “A mamãe está
muito zangada!”, ou “muito triste”, quando ela a vê agitada ou
chorosa, ao invés de “Não é nada. A mamãe está bem!”. A criança sabe que
a mamãe não está bem, e, a falta de sinceridade apenas torna o mundo,
que para ela já é confuso, um mistério indecifrável e incompreensível.
e.
Por isso, nunca negue, para sua criança, ou para outros
na presença dela, aquilo que ela sabe. Seja
sempre honesto, pois isso será útil tanto para você quanto para sua
criança. A honestidade emocional dos pais autoriza a criança a ser honesta com
seus próprios sentimentos, e a não ter vergonha deles, ou a sentir culpa deles.
Se a mamãe “está muito nervosa (ou irritada, ou triste, ou com medo), mas
isso vai passar!”, essa lição é muito mais proveitosa para a criança do que
“a mamãe não tem nada não, não se preocupe!”.
f.
As crianças
ficam mais calmas quando reconhecemos suas dores e sofrimentos e não quando os
acobertamos ou negamos. Por isso, não tente acalmá-la, após uma queda, dizendo:
“Não foi nada!”, ou “Não faça manha!” ou “Não pode estar
doendo tanto!”. Abrace a criança, reconheça sua dor “Puxa! Deve estar
doendo mesmo, né?!”, e acalme-a com afirmações positivas do tipo “Já vai
passar!”, “Vamos cuidar disso logo para diminuir a dor!”, etc.
g.
No médico,
hospital ou centro de saúde, não a engane dizendo “Não vai doer nadinha!”,
quando é possível que doa. As crianças que forem assim enganadas ficam ainda
mais assustadas, pois, se a mamãe disse que não ia doer, mas está doendo,
é porque alguma coisa está errada!
Exercícios:
1.
O que é empatia? Como aplicá-la na educação dos filhos?
________________________________________________________________________________
2.
Levando em conta o capítulo estudado:
a. A que conclusão você chega do seguinte
ditado: “Faça o que digo, mas não o que eu faço”. Comente com o grupo.
b. Cite situações em que foi colocado em prática
o ditado acima.
c. Qual a importância do seu exemplo em relação
à educação de seus filhos.
________________________________________________________________________________
3.
Qual a importância da comunicação do amor?
__________________________________________________________________________________
Notas
e Bibliografia:
- Pikunas, Justin. Desenvolvimento Humano. Tradução de Auriphebo Berrance Simões. São Paulo: McGraw-Hill, 1979. p. 175
- Id. Ibid. p. 175
- Id. Ibid. p. 175
- Campbell, Ross. Filhos Felizes. São Paulo, Mundo Cristão, 1991. p. 25
- ‘Abdu’l-Bahá. The Promulgation of Universal Peace. Willmette, Ill.: Bahá’í Publishing Trust, 1989. p. 175-6 (A tradução é nossa)
- Greenspan, Stanley. Filhos Emocionalmente Saudáveis, Íntegros, Felizes, Inteligentes. Tradução de Sérgio Teixeira. Rio de Janeiro, Campus, 2000. p. 17
[1]
“Alteridade” é a condição de diferença que temos com os outros, da distinção
entre o “eu” e o “outro”. Quando respeitamos a alteridade, damos aos outros o
direito de serem diferentes de nós, respeitando essas diferenças.
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