Caminhos da Maturidade
Programa
de Capacitação de Pais e Educadores
para
uma Cultura de Paz: Adolescência
Principais Considerações
(Resumo das Palestras)
|
Por Luis Henrique Beust
Módulo 1
Adolescência:Caminhos
da Maturidade
v Embora a adolescência surja de uma forma
bastante repentina e marcante, a preparação para ela deve dar-se ao longo de
todos os anos da infância. É como a preparação para o parto, que deve ocorrer
por todos os meses anteriores.
v Quanto mais os pais se prepararem para as
transformações que seus filhos sofrerão na adolescência, melhor. O comportamento dos adolescentes é, em grande
medida, um reflexo do comportamento dos pais, de suas expectativas e valores.
v A adolescência é, acima de tudo, um
período de rápidas mudanças: físicas, sexuais, intelectuais, emocionais e
espirituais. E não apenas o adolescente muda. Também mudam as demandas
externas que a família e a sociedade colocam sobre ele. Com exceção da fase
entre o nascimento e os dois anos de idade, em nenhuma outra época da vida o indivíduo
passa por tantas mudanças como durante os anos da puberdade.
v As mudanças da puberdade ocorrem em duas
grandes áreas: há uma adolescência biológica e uma adolescência psíquica, ou
mental. Ambas estão intimamente ligadas e se apóiam mutuamente.
v As mudanças da adolescência ocorrem em
conseqüência de forças que atuam de dentro
para fora, como efeito das transformações biológicas e psíquicas, e de
outras que atuam de fora para dentro,
decorrentes da mudança de atitude e expectativa da sociedade em relação aos
adolescentes.
v No aspecto físico, o adolescente passa por
uma verdadeira explosão hormonal, que produz seu crescimento acelerado, o
funcionamento efetivo das gônadas, o aparecimento das características sexuais
secundárias e o desenvolvimento e a maturação esquelética e muscular. Essas
mudanças bioquímicas e físicas expõem o púbere à perda de simetria e graça, o
que aumenta sua autoconsciência e preocupação com a auto-imagem.
v A adolescência é um estágio de emocionalidade
intensificada. As emoções geralmente não são proporcionais ao estímulo. A
instabilidade emocional é a contraparte das mudanças fisiológicas e sociais
que ocorrem na puberdade. Há evidências de que a grande agitação interna e a
desordem externa da adolescência são universais e apenas moderadamente afetadas
pela cultura.
v No aspecto espiritual, o adolescente,
inclusive por efeito do amadurecimento neurológico, torna-se mais séria e
intensamente preocupado com questões espirituais e sociais de fundo moral. A
injustiça, a hipocrisia, a guerra, o destino, a reforma social: tudo passa a
ser investigado e questionado, muitas vezes de modo quixotesco.
v Em meio a tantas mudanças, o adolescente
busca consolidar sua identidade. Isto se dá, em grande parte, pelo
enfrentamento dos valores e atitudes dos adultos. A construção da
independência, inevitavelmente, é fruto de um processo de contraste e
diferenciação.
v Muitos pais tendem a se tornar mais
agressivos e menos carinhosos durante a adolescência dos filhos, numa atitude
caracteristicamente defensiva. Por isso, é bom lembrar que as dificuldades de
relacionamento com o adolescente dependem muito das atitudes dos adultos em
relação à independência crescente, ao florescimento dos interesses sexuais e ao
maior interesse e preocupação pelos valores estéticos e questões morais, em
geral expressos como contracultura.
v As condições de
desenvolvimento na puberdade determinam em muito as condições físicas e
emocionais da vida adulta. Os pais podem ajudar muito observando as seguintes
diretrizes: 1) evite zombar das características púberes; 2) trate a puberdade
como um motivo de alegria; 3) não espere
que a puberdade automaticamente traga a maturidade mental, emocional e social;
4) ajude seu filho a desenvolver auto-estima, autoconfiança e desenvoltura
social: estimule tanto as atividades a sós como as em grupo.
v Os adolescentes
tipicamente demonstram oscilações súbitas e imprevisíveis em atitudes e
comportamentos, algumas vezes sendo muito maduros e, outras, tremendamente
irresponsáveis. Os pais devem entender que, na busca da maturidade, o jovem
sente um grande fascínio pela liberdade e independência, mas, ao mesmo tempo,
tem muita necessidade da segurança que a dependência infantil garante.
v A adolescência apresenta uma série de tarefas de desenvolvimento que precisam
ser cumpridas adequadamente para que o jovem ingresse na vida adulta de maneira
equilibrada e madura. Ao longo dos cerca de dez anos que separam a infância da
maioridade, os jovens precisam 1) aprender
a controlar seu corpo, 2) identificar
e relacionar-se com seus pares, 3) desenvolver
sensibilidade social, 4) desenvolver
auto-organização, 5) envolver-se
adequadamente em interesses e atividades externos, 6) conseguir um adequado aumento da auto-regulação.
v Ao redor dos dez ou onze anos de idade, há uma
janela de oportunidade importante para
pais e educadores influenciarem positivamente o desenvolvimento sexual do
púbere, em suas dimensões física, emocional, psicológica e espiritual. Neste
período os pré-jovens são especialmente
sensíveis às suas realizações, escolares ou não, que aumentem sua sensação
de valor, de orgulho próprio, e de auto-estima. Tudo o que pais e educadores
puderem fazer para realmente encorajar e controlar o jovem de forma firme e
amorosa terá imenso efeito sobre todo seu desenvolvimento posterior, inclusive
o sexual.
v A dicotomia adolescente é característica:
vacila entre o narcisismo e o altruísmo, entre atividade febril e ociosidade,
amor e ódio, interesse e apatia. Pode estar presente a instabilidade e a falta
de coerência no comportamento. Pode sentir-se confuso em relação a seus papéis,
tarefas e obrigações. As surpresas agradáveis e os desapontamentos chocantes, o
estresse e as alegrias seguem uma seqüência imprevisível.
Módulo 2
O Lar
Adolescente
v Quando um dos
filhos ingressa na adolescência, é inevitável que todas as relações dentro da
família se transformem. As demandas dos pais em relação ao adolescente, bem
como as dele em relação aos pais e aos irmãos mudam dramaticamente. A
instabilidade característica da adolescência “contagia” as relações
interpessoais: a família inteira entra junto na adolescência!
v A crise de
identidade típica da adolescência em geral coincide com a crise da meia-idade
dos pais. Enquanto o adolescente está entrando em seu período de máximo vigor
físico, os pais defrontam-se com o gradual declínio de suas forças físicas e
mentais. Numa sociedade tão obcecada pela juventude como a nossa, e tão
desdenhosa da velhice, esta perspectiva pode ser dolorosa, e não facilita a
relação com os filhos.
v Enquanto o adolescente,
no processo de construir sua identidade, questiona o mundo à sua volta, os pais
também estão passando por um período de reavaliação. Os homens em geral
enfrentam as frustrações dos sonhos vocacionais não cumpridos, enquanto que as
mulheres enfrentam em particular a saída crescente dos filhos de casa, especialmente
se até então haviam apenas “vivido para eles”.
v Neste período,
os pais de adolescentes precisam aprender a estabelecer novos tipos de
relacionamento entre si, e entre eles e o adolescente. Em relação aos filhos,
devem reconhecer e encorajar suas necessidades crescentes de independência.
Tentar forçar a dependência é uma garantia de problemas futuros, seja como
rebelião explosiva, ou como dependência imprópria e cada vez maior.
v Ocorrerá uma
mudança inevitável no relacionamento afetivo entre pais e filhos, na medida em
que estes começam a transferir para os colegas, os “melhores amigos” e
namorados, alguns dos laços afetivos íntimos antes reservados quase
exclusivamente aos pais.
v Mesmo sob as
mais favoráveis circunstâncias, o ajustamento do jovem à separação afetiva de
sua família provavelmente envolverá momentos dolorosos, tanto para ele quanto
para os pais. Sentimentos de perda e saudades de tempos mais “fáceis” são comuns.
v Os pais geralmente
se ressentem do crescente distanciamento afetivo dos filhos e reagem a isto com
uma ansiedade bem característica. Eles precisam tornar-se conscientes de seu
medo e de sua ansiedade de “perder” o amor dos filhos. Assim poderão evitar
comportamentos que tendem a tornar a relação ainda mais difícil, como as
“cobranças” ou as expressões exageradas e impróprias de amor e afeto. Se
tentarem cobrar dos filhos a mesma expressão de afeto que caracterizava sua
relação na infância, os filhos provavelmente reagirão com desagrado e sua
ansiedade aumentará ainda mais, criando um círculo vicioso de frustrações
mútuas.
v O mesmo se dá em
relação à autoridade sobre os filhos, especialmente no que diz respeito à
aplicação da disciplina. Tentar manter os mesmos esquemas que funcionavam na
primeira infância é uma garantia de conflito e mal-estar.
v Na relação
conjugal, os pais precisam enriquecer o companheirismo, o lazer sem os filhos,
a espiritualidade e a intimidade afetiva. Precisam enfrentar a nova fase da
vida na qual ingressaram com otimismo, confiança, gratidão e fé. Devem ser
capazes de poder (novamente) viver sem os filhos, encontrando nisso uma
dimensão saudável de amadurecimento e de missão cumprida.
v É claro que a
adaptação a esses novos tipos de relacionamento pode ser mais difícil para
alguns pais do que para outros. Mães e pais que não se sintam amados pelos
cônjuges ou amigos, ou que não construíram um lugar próprio no mundo, podem ter
muita dificuldade (em geral inconscientemente) em liberar os filhos de sua tutela.
v Devido ao
amadurecimento físico e espiritual pelo qual passa o adolescente, ele começa a
perceber que os valores e a forma de vida de sua família não são os únicos
possíveis, nem, necessariamente, os melhores. Com crítica algumas vezes ácida e
mordaz, ele colocará em xeque os padrões e atitudes do lar, o que pode causar
muitos dissabores se os pais reagirem imatura ou violentamente a tais ataques.
v Os pais devem
recordar-se de que tais ataques visam, inconscientemente, testar a validade e
veracidade dos valores proclamados pelos pais. Se eles se mantiverem, na medida
do possível, calmos e constantes, coerentes e abertos ao diálogo, a tendência
universal é que a fase de rebeldia passe e os filhos retornem aos valores
paternos.
v Outra razão
comum dos conflitos entre pais e adolescentes durante esses anos é a “tirania
do hábito”. Os pais querem manter os mesmos esquemas de regulamentos, normas e
disciplina aos quais estavam habituados, não percebendo que tais procedimentos,
por mais adequados que fossem quando os filhos eram pequenos, não mais o são. É
fundamental aprender a negociar novas regras e estabelecer novos convênios nas
relações dentro do lar sempre que for necessário.
v É claro que o
adolescente também entrará em conflitos específicos com seus irmãos. Os pais
precisam estar atentos e agir com justiça quando necessário, mas a intromissão
exagerada não é adequada, e serve para cristalizar sentimentos de inferioridade
ou de inadequação.
Módulo 3
Amigos, Mas,
Acima de Tudo, Ainda Pais
v Independente do
estilo pessoal dos pais, duas dimensões de comportamento paterno são
fundamentais para a adequada orientação dos filhos: 1) o grau de aceitação e amor que expressam
aos filhos e 2) como equilibram a independência e a disciplina dos filhos.
v Um dos maiores
paradoxos da adolescência é a natureza da dependência emocional do jovem em
relação a seus pais. Embora os adolescentes típicos estejam sempre buscando
liberdade, eles ainda desejam ¾ e necessitam ¾ do amor e da guia dos
pais tanto quanto na infância.
v Os adolescentes
percebem que perderam as características infantis que associavam ao amor dos
pais, o que gera uma espécie de saudade
inconsciente da infância. E é comum, também, os pais imaginarem que os
jovens não gostam mais das expressões de amor que recebiam quando crianças.
Isso pode ser ou não ser verdade, mas o triste resultado, de qualquer forma, é
que muitos pais ficam inibidos de expressar seu amor pelos jovens de qualquer
maneira direta, o que apenas os faz sentirem-se ainda mais desamados.
v Garanta sempre
que seus adolescente perceba seu amor e respeito por ele, independente de seu
comportamento. Esteja disponível. Mostre-se aberto e disposto a dialogar. Os
filhos sempre necessitarão que os pais os amem, se preocupem com seu bem-estar
e os tenham em alta estima. Eles dependem desses dons paternos para construir
sua segurança emocional e auto-estima.
v A maturidade
adquirida pelos pais não se compara com a dos jovens. Cabe aos pais valorizar
cada vez mais seu próprio desenvolvimento espiritual, que jamais envelhece. O
êxito na educação dos filhos depende de os pais valorizarem tanto
a vontade própria dos filhos quanto sua necessidade de limites e
disciplina.
v Os verdadeiros
valores morais dos pais, seu padrão honesto de comportamento, sempre serão respeitados
pelos filhos, mesmo que durante algum tempo ele se rebele contra tais normas. O
que não tem nenhum efeito educacional são os falsos padrões, os moralismos, os
“faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. A coerência dos pais em
relação a valores morais e espirituais é um dos maiores presentes que podem dar
a seus filhos.
v Os pais devem se
manter tranqüilos. Nada é mais destrutivo para a autoridade que exercem sobre
os filhos do que a perda de controle, a violência e a agressão física ou
verbal. Precisam ser cada vez mais sábios e serenos; firmes, mas
bem-humorados, atentos, mas confiantes. Se precisar criticar ou
aplicar disciplina, faça-o enfocando o ato, não o jovem.
v A grande maioria
dos jovens (quase 90%) afirma sentir respeito pelos pais e por suas idéias e
opiniões. Os conflitos são em geral causados por motivos de pouca importância,
embora possam parecer terríveis no momento.
v Os extremos
fazem mal. Tanto os pais autoritários e autocráticos quanto os leniente e
igualitários conduzem seus filhos pelos caminhos da rebeldia. Os filhos querem
e necessitam de pais. Pode levar
muito tempo, mas em geral os jovens acabam percebendo que, embora os pais não
sejam perfeitos, suas opiniões e idéias ainda podem ser úteis. E o fato de elas
lhe serem familiares também é um fator muito relevante.
v É importante
relembrar que a autoridade dos pais e a ascendência que eles devem exercer
sobre os filhos faz parte dos mandamentos divinos entesourados nas Escrituras
Sagradas de todos os povos ao longo dos milênios.
v Trata-se, pois,
de algo muito mais profundo do que um meio prático de administrar o lar: tem a
ver com a felicidade profunda dos indivíduos, a realização dos filhos e dos
pais, a estabilidade e a ordem da família e da sociedade, e a com a própria
idéia de salvação da alma humana.
v No Judaísmo, o
texto de Êxodo, afirma que a própria extensão da vida humana depende do
respeito aos pais: “Então falou Deus
todas estas coisas dizendo: [...] Honra a teu pai e a tua mãe, para que se
prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá” (Êxodo
20:12).
v O Livro de
Provérbios adverte: “Guarda o mandamento
de teu pai e não deixes a lei de tua mãe. [...] Porque o mandamento é uma
lâmpada e a lei uma luz; e as repreensões da correção são o caminho da vida” (Provérbios
6:20;23).
v No Cristianismo,
esta mesma lei é repetida várias vezes (Mt 19:19; Mc 10:19; Lc 18:20; Rm 1:30)
, somando-se a advertência: “E vós, pais,
não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do
Senhor” (Ef 6:4).
v Na Fé Bahá’í, Bahá’u’lláh
afirma que sem a obediência aos pais e a Deus “surgirão uma infinidade de ações odiosas e abomináveis” (Educação
Bahá’í :17).
Módulo 4
Aprendendo a
Lidar com a Raiva e os Amigos
A Raiva adolescente
v O adolescente
está passando por uma transformação física imensa, principalmente no que diz
respeito ao aspecto hormonal, e isso faz com que suas emoções fiquem muitas
vezes “nos limites”. É como se vivessem 365 dias por ano em TPM! Isso deve
despertar dentro dos adultos uma medida extra de paciência e simpatia durante
esses anos críticos.
v É fundamental
ajudar seu adolescente a lidar com a raiva de uma maneira adequada,
principalmente evitando o comportamento passivo-agressivo.
Exemplos disso são a procrastinação, enrolação, teimosia, ineficiência intencional
e “esquecimento”. Mas pode incluir delinqüência, drogas, doenças e suicídio.
v As técnicas
passivo-agressivas de lidar com a raiva são indiretas, manhosas, frustrantes e
destrutivas. O propósito subconsciente é perturbar os pais (ou figuras de autoridade)
e causar-lhes sofrimento, irritação ou mágoa. Mas é fundamental entender que o
adolescente não as utiliza intencionalmente ou propositadamente. E mais, são os
pais quem os forçam a tais situações. Quanto mais os pais ficarem alterados com
essas atitudes, mais o adolescente as utilizará!
v Os pais precisam
estar abertos para manifestações sinceras e diretas de sentimentos negativos ou
desagradáveis como frustração, discordância, desgosto e raiva. Precisam
encorajar seus filhos a expressar seus sentimentos verbalmente e aprender a
negociar com eles em todas as situações. (O humor exagerado em situações de
tensão pode dificultar este aprendizado.)
v O comportamento
passivo-agressivo pode se tornar um hábito de comportamento que dura a vida
toda. Ele pode distorcer a personalidade da pessoa e fazer dela alguém muito
desagradável, afetando seus relacionamentos. É um dos desvios de comportamento
mais difíceis de corrigir. Por isso, eduque seu filho a verbalizar sua raiva,
não a suprimi-la ou negá-la.
v A principal
causa do comportamento passivo-agressivo é a falta de amor incondicional. A
criança que é amada condicionalmente sente-se frustrada como pessoa, e “cobra”
dos pais a atenção e o apreço para si mesma, e não para as coisas que faz de
acordo com a vontade deles. Por isso se nega a ser agradável.
v A verbalização
da raiva é aprendida especialmente pelo exemplo dos pais. Isso significa evitar
ofensas, mas encorajar a expressão genuína dos sentimentos: “Você sabe o quanto
eu o amo, mas estou com muita raiva do que você fez!”; “Você é um filho
exemplar, mas estou muito zangado com a maneira como você tratou sua mãe. Isso
não combina com você!”
Os amigos
v Devido à sua
insegurança característica (mas disfarçada pela ruidosa auto-afirmação), o
grupo de amigos tem um valor excepcional para o adolescente. Na padronização do
vestuário, vocabulário e comportamento eles buscam um sentimento de identidade
e segurança.
v Os companheiros
adolescentes tendem a enquadrar-se em três categorias: a turma (maior), o
grupinho (menor) e os amigos pessoais. Procure sempre ser cortês e cordial e
nunca antagonizar os amigos e companheiros dos filhos, independente de gostar
do comportamento e jeito deles ou não. No embate com os amigos, os pais sempre
perdem.
v Observe como seu
filho se socializa, especialmente quando não se sente observado, mas não
espione. Isso ajuda a oferecer conselhos e orientação quando necessário.
v Leve a sério sua
necessidade de popularidade; ofereça conselhos de forma casual e sem sermões
ou julgamentos; reforce constantemente a auto-estima e autoconfiança de seu
filho;
v Esteja alerta
para sinais de perigo (no seu filho ou no grupo de amigos): atitudes
desafiadoras, especialmente na companhia de algum amigo em particular; mudança
drástica nas atitudes; raiva, afastamento ou depressão repetidos; violência
física ou emocional contra alguém; mudanças drásticas e inexplicáveis no uso do
dinheiro; roubo ou mentira; mudanças nos padrões morais de conversa ou conduta;
insistência em não apresentar seus amigos apesar de solicitações diretas
repetidas.
v O adolescente
necessita cada vez maior liberdade de ação e envolvimento social, mas sempre
sob a supervisão e acompanhamento dos pais
Módulo 5
Lidando com
a Transformação, a Disciplina e a Escola
A Disciplina
v Os privilégios
de independência do adolescente devem depender estritamente de sua capacidade
de controlar seu comportamento e mostrar fidedignidade. As regras devem ser
rígidas no início, afrouxando à medida que a maturidade e a responsabilidade
são conquistadas.
v Jovens
que não têm limites não se sentem amados. Eles desafiarão os limites, mas isso não significa que não sintam
falta deles. Eles os testam. Ao defender os limites, os pais devem cuidar para
desenvolver capacidades de negociação, pois as regras disciplinares não podem
mais ser simplesmente impostas. Mas negociação não significa ter que ceder aos
filhos. Significa, acima de tudo, estabelecer regras consensuais e razoáveis e
ser firmes nelas. E, acima de tudo, saber controlar a raiva e as explosões
emocionais dirigidas contra o adolescente, que são, talvez, o maior motivo do
afastamento dos filhos dos pais.
v Por mais que o adolescente desafie a
autoridade dos adultos, especialmente dos pais, ele, intimamente, necessita e
anseia pela coerência dos valores estáveis e das posições definidas, para
colocar ordem em seu mundo mutante. Ele testa a veracidade de tudo à sua volta,
para poder apegar-se, finalmente, àquilo que percebe ser consistente e
verdadeiro. Ele necessita da proteção dos pais, contra a qual tantas vezes se revolta.
v É importante
negociar e renegociar a respeito de sua vida social: 1) horários de estar em
casa; 2) quantas e quais noites da semana podem ser usadas para “sair”; 3)
procedimentos-padrões para que cada um saiba o que o outro está fazendo e como
pode ser contactado; 4) procure de ter contato com os amigos de seus filhos
desde o início do relacionamento; 5) defina que coisas seu filho está proibido
de fazer em companhia dos amigos (ex: beber álcool ou sair da cidade).
v A independência
adolescente, embora desejável e saudável, não se constrói do dia para a noite.
As necessidades de dependência continuam a existir, em geral num equilíbrio
complicado e frágil com as de independência. Devido às muitas mudanças pelas
quais passa, o adolescente necessita muito de uma base de segurança e
estabilidade no lar dos pais. Os limites ajudam-no a encontrá-la.
v O adolescente, como toda criança, testa os
limites do mundo ao seu redor. Apesar de seus desafios, ele se sente protegido
pelos limites, e seu desenvolvimento saudável dependerá de quanto esses limites
lhe forem apresentados de forma coerente e com autoridade serena (não
autoritarismo frenético!).
v Os pais devem
dar razões práticas para suas regras e decisões disciplinares. A revolta de
muitos jovens contra os valores espirituais se deve ao excesso de razões
moralistas para fundamentar regras e restrições.
v Quando uma razão
razoável é dada, abri-la à negociação geralmente só leva a mais discussão e
discórdia. Os jovens precisam que os pais estejam no controle todo o tempo. Os
pais podem mudar de opinião por alguma boa razão, mas não como capitulação ante
as exigências dos filhos.
v Quando não se
acha uma razão razoável para negar uma solicitação, o melhor é esperar. Ficar
atento às dicas de que o adolescente precisa de um não em relação a algum privilégio.
v Saiba sempre do
paradeiro de seu filho no dia-a-dia. Isso evidencia cuidado e atenção e evita
os problemas que tendem a ocorrer quando o jovem se sente sem controle.
A Escola
v Tenha a escola
como um importante parceiro na educação das crianças. Esteja informado a
respeito do currículo escolar de seu filho e mantenha estreito contato com seus
professores e orientadores. Procure saber o máximo possível a respeito dos
professores e da opinião de seu filho sobre eles.
v Encoraje seu
filho a levar o ensino médio a sério, mesmo que ele não pretenda fazer
faculdade. Pode ser a sua última oportunidade de manter um contato estreito com
as ciências e humanidades, o que pode significar importante diferencial numa
sociedade letrada e cada vez mais informada. Uma sólida educação é um poderoso
passaporte, em qualquer meio e profissão.
v Encoraje seu
filho a sair-se bem na escola, mas não exagere. Ajude seu filho com suas
tarefas de casa, mas não as execute. Tenha uma abordagem razoável e consistente
no tocante às notas. O desempenho escolar das crianças e jovens está
estreitamente ligado ao envolvimento dos pais: faça perguntas, mostre interesse
por seus trabalhos escolares, pela “feira de ciências”, pelas “obras de arte”
que ele produz, etc...
v Envolva-se o
quanto antes no caso de seu filho apresentar problemas disciplinares na escola.
Em todos os casos, sempre escute os dois lados antes de formar uma opinião. Não
seja injusto, nem defenda seu filho “contra” a escola, tomando automaticamente
seu partido em situações de conflito.
v Crie um ambiente
doméstico de apoio, estímulo e “cumplicidade”, mas que seja guiado por regras
disciplinares e limites: consensuais sempre que possível, ou razoavelmente
determinados, quando necessário.
Módulo 6
Como Encaminhar
Seu Filho Adolescente
Encaminhamento Ético
v A adolescência é
uma fase da vida quando os valores morais assumem extrema importância. Com o
amadurecimento, o pensamento se torna mais abstrato e voltado para o futuro.
v O jovem busca um
conjunto de princípios morais diretores, universais, mesmo que não sejam
populares, que possam dar à sua vida um sentido de ordem, consistência e
significado.
v Mantenham o clima de amor, intimidade,
valorização e aconchego com os filhos adolescentes. Precisam cuidar para não se
afastar deles só porque “já estão grandes”. Lembre-se que os adolescentes são crianças-grandes, não adultos-pequenos, e, por isso, reagem
mais aos conteúdos emocionais do que racionais da educação. Por isso é
especialmente importante que se sintam amados, amparados, protegidos e
cuidados. Somente assim poderão identificar-se com os valores éticos e
espirituais dos pais.
v Vários estudos
demonstraram que o desenvolvimento moral dos jovens é prejudicado quando os
pais utilizam técnicas violentas e arbitrárias de disciplina. Punições físicas
ou materiais estão ligadas a adolescentes menos capazes de agir conforme seus
próprios padrões internalizados, sendo mais influenciados pelas recompensas e
punições do exterior, e tendendo à delinqüência.
v O resultado pode
ser emocionalmente ainda mais devastador quando a técnica disciplinar é a da retirada do amor. Não há agressão
física, mas frieza, recusa em falar com a criança, expressando desgosto ou
mesmo abandono. Mistura-se a criança com seu ato: “Se você se comportar assim
nós deixaremos de amá-la”.
v A melhor forma
de criar uma consciência moral eficaz e independente é acreditar nos próprios
recursos interiores da criança: medo, culpa, vergonha, dependência, amor,
respeito, empatia. Nesses casos, os pais tratam a criança como um indivíduo
capaz, potencialmente responsável. Explicam aos filhos as razões por que
esperam certos comportamentos e descrevem a realidade prática de cada
situação e como um comportamento inadequado pode ser nocivo para a criança ou
os outros.
v O simples
conhecimento de padrões morais desejáveis não garante uma consciência eficaz
que guie o comportamento do jovem. O fator específico mais importante é
desempenhado pelo exemplo dos pais.
v Os jovens
precisam de contínua orientação e esclarecimento sobre questões éticas, morais
e espirituais, mas sem sermões ou ameaças.
v A maioria dos
pais comete o erro de apenas corrigir seus filhos, mas um adolescente somente
se sentirá competente se também receber dos pais aprovação, encorajamento,
apoio e elogio.
v Compartilhem com
seus filhos seus verdadeiros valores éticos, morais e espirituais e estejam
certos de que eles irão eventualmente se identificar com eles.
v Para poder
orientar seus filhos espiritualmente, os pais precisam antes ter encontrado seu
próprio caminho espiritual. Depois, é preciso que o jovem se identifique com
esses valores, o que só se dará se ele se sentir amado e aceito.
v Os pais devem
ensinar questões espirituais aos filhos, compartilhar suas próprias
experiências espirituais, dar exemplos de perdão e outras virtudes.
v Não pense que
escola, igreja e outras pessoas ou instituições possam substituir os pais na
orientação do jovem com relação a valores, ética, espiritualidade e estilo de
vida.
Encaminhamento Intelectual
v Mantenha laços
estreitos com o orientador educacional ou psicólogo da escola e esteja
informado das discussões e estudos relacionados a futuras profissões, testes
vocacionais, etc.
v Encoraje seu
filho a levar o ensino médio a sério, mesmo que ele não pretenda fazer
faculdade. Pode ser a sua última oportunidade de manter um contato estreito com
as ciências e humanidades, o que pode significar importante diferencial numa
sociedade letrada e cada vez mais informada. Uma sólida educação é um poderoso
passaporte, em qualquer meio e profissão.
v Para que o
adolescente se desenvolva intelectualmente, ele precisa se sentir bem consigo
mesmo. O fator mais determinante para o desenvolvimento cognitivo do jovem é o
grau de nutrição emocional que recebe.
v Ajude seu filhos
a pensar claramente, fazendo associações de pensamento corretas. O aprendizado
gradual do pensamento abstrato faz com que a maioria dos adolescentes pense que
seus pais estão errados ou são ignorantes. É preciso ter paciência e não perder
a calma.
v Converse com
seus filhos sobre todos os assuntos e ajude-o a identificar as causas e
conseqüências de tudo à sua volta. O tom dessas conversas deve ser como entre
amigos, sem o ar de superioridade paterna. Isso não diminui a autoridade dos
pais.
v Para poder
orientar seus filhos espiritualmente, os pais precisam antes ter encontrado seu
próprio caminho espiritual. Depois, é preciso que o jovem se identifique com
esses valores, o que só se dará se ele se sentir amado e aceito.
v Os pais devem
ensinar questões espirituais aos filhos, compartilhar suas próprias
experiências espirituais, dar exemplos de perdão e outras virtudes.
Módulo 7
A
Sexualidade na Adolescência
v Os adolescentes
hoje amadurecem fisicamente cerca de dois anos mais cedo do que no tempo de
seus pais. Isso, associado às mudanças culturais na área da sexualidade, faz
com que o sexo seja atualmente mais fácil, mas também mais perigoso, na vida
dos jovens.
v Os jovens sentem
necessidade de conhecer coisas relativas a assuntos práticos como masturbação,
relações sexuais, concepção, gravidez e controle da natalidade. E, o que é mais
importante, eles desejam saber como integrar o sexo com os outros valores e
como ter relacionamentos mutuamente compensadores e construtivos com pessoas do
mesmo sexo e do sexo oposto.
v O momento para esta orientação depende da
necessidade e do interesse da criança. O início do crescimento em altura e peso
é um sinal de que a necessidade está dada, pois tal desenvolvimento corresponde
ao amadurecimento sexual do púbere. As questões sexuais devem ser respondidas
ou apresentadas sem forçar a situação. Geralmente é melhor deixar que a criança
indique o caminho através de suas perguntas e interesses. Os pais não precisam
se preocupar em dar longas respostas, ou completas demais. Basta responder o
que foi perguntado, de maneira natural e objetiva.
v Os pais precisam considerar a orientação
sexual como uma responsabilidade sua. A
instrução dada na escola, por palestras ou aulas não é suficiente. E precisam
fazê-lo com delicadeza e tato, de forma personalizada para cada um dos filhos.
Se não se sentem capacitados nessa tarefa, devem encontrar alguém que a possa
realizar a contento, alguém íntimo e da confiança da criança. As reuniões
familiares regulares são momentos preciosos que podem colocar as questões de
sexo dentro da pauta regular do que é conversado.
v A orientação sexual basicamente visa a dar ao
jovem uma perspectiva das dimensões
física, emocional, ética e espiritual da sexualidade.De forma natural os
pais devem informar o jovem sobre as transformações que seu corpo irá sofrer em
breve, ou está já sofrendo, e as implicações sociais e morais disso. Não basta
falar sobre o físico. É vital costurar as informações factuais com questões
como atitudes, valores, espiritualidade e ética. Apenas dentro de um contexto
complexo de referenciais é que o jovem poderá fazer opções responsáveis e
saudáveis.
v Como durante a infância as informações sobre
questões sexuais serão precárias, ou fragmentadas, ou mescladas com fantasias e
medos, é fundamental que no início da puberdade cada jovem receba uma
orientação personalizada e cada vez
mais completa, a fim de corrigir e completar as informações que já possui. A
idéia de que os jovens “já sabem tudo sobre sexo” é muito equivocada.
v Uma série de
pesquisas demonstrou que a atividade sexual adolescente tem relação direta com
a qualidade de relacionamento entre pais e filhos, sendo mais intensa e
prematura entre os jovens que não se sentem apreciados, compreendidos nem
muito íntimos dos pais, e que acham difícil comunicar-se com eles. O grau de
influência exercida pela mãe sobre os filhos demonstrou estar relacionada com a
proporção de afeto maternal que ela exibe.
v Em muitos casos,
o que parece ser uma vigorosa busca de atividade sexual é, na realidade, uma
busca de amor, de reconhecimento ou de aprovação, ou expressão de rebelião ou
de ressentimento.
v Eduque-se a
respeito de questões sexuais que podem afetar o adolescente e compartilhe com
os filhos os seus próprios valores a respeito de sexo em geral, e suas
angústias e preferências a respeito da vida sexual de seu filho em particular.
v Ajude seu filho
a saber como evitar problemas comuns ligados às pressões ou atividades sexuais:
· como melhor
esquivar-se de cantadas de natureza sexual; · como mostrar interesse romântico de uma forma
respeitosa e não intimidadora; · como reconhecer
e respeitar a rejeição de alguém; · como expressar
sentimentos e expectativas amorosas de forma aberta e honesta; · como identificar os
sentimentos e expectativas de seu par através da conversa direta; · como negociar as
atividades de namoro para que sejam mutuamente agradáveis e razoavelmente
seguras e responsáveis; · como
estabelecer condições de intimidade que sejam seguras, responsáveis e
respeitosas.
v A abordagem precisa ser positiva e o mais
informal possível. Evite transformar a conversa sobre sexo em algo sério,
sisudo, ameaçador ou cheio de sermões. Também evite a atitude jocosa, maliciosa
e irônica. As questões éticas devem ser abordadas mais por meio da análise das
conseqüências naturais do emprego inadequado da sexualidade (como gravidez
indesejada, doenças sexualmente transmissíveis e reputação) do que através de
ameaças ou apelos moralistas.
v Aproveitem as circunstâncias naturais do
dia-a-dia para abordar as questões relativas à sexualidade: programas de tv,
novelas, reportagens, acontecimentos públicos ou privados, recordações da sua
própria juventude, etc. Isso faz com que o tema seja muito mais facilmente
absorvido pelos jovens do que através de “lições de moral”.
v Os pais não devem ter receio de apresentar
claramente seus pontos-de-vista com relação à sexualidade, inclusive sobre
questões como “ficar”, namorar e “transar”. Devem fazê-lo em voz normal, sem
alterar o clima amigável, franco e natural da conversa. Mas também não devem
ficar intimidados com as possíveis discordâncias e antagonismos dos filhos.
Eles estão testando seus verdadeiros valores e averiguando a consistência dos
ensinamentos que recebem. Lembre-se do dito: “Quando os pais ficam com vergonha
de parecer quadrados, a filha perde a vergonha de aparecer redonda!”
v Sem o aconchego no lar, a busca de
intimidade, valorização e carinho passa a ser desesperadamente buscada na rua e
assume dimensões sexuadas na convivência com os pares. O prazer sexual pode
passar a ser uma compulsão, assim com o uso de drogas ou a busca frenética por
divertimento, quando o coração do jovem não encontra paz interior. E os pais
ainda são a maior fonte desse equilíbrio no período de formação da
adolescência.
v Encoraje seu
filho a se abrir com você a respeito de seus sentimentos, atitudes, interesses
românticos e relacionamentos (use perguntas abertas e jamais ridicularize seus
sentimentos e interesses). Uma pressão exagerada para descobrir detalhes dos
relacionamentos amorosos dos filhos geralmente tem o efeito de bloquear
qualquer comunicação natural e fluida nesse sentido.
v Negocie regras
razoáveis e claras a respeito dos encontros amorosos de seu filho: como e
quando você deve ser informado a respeito de tais encontros; como e quando
você quer encontrar a pessoa com quem ele está saindo; quantas noites por
semana, e quais, é adequado sair para os encontros; até que horas ele pode
ficar fora quando tiver saído para um encontro; que lugares e situações são
considerados inaceitáveis para um encontro amoroso; que ações seu filho deveria
estar preparado para tomar em caso de emergência ou situação indesejável
durante um encontro.
Módulo 8
Problemas
Psicológicos na Adolescência
v Sempre que
alguma condição sair do controle, não deixe de buscar a melhor ajuda
profissional possível, tanto para o filho quanto para os pais.
v Embora os
adolescente necessitem e desejem liberdade e independência, eles continuam
subconscientemente necessitando da atenção, preocupação e guia dos pais. Pais
distantes, liberais ou autoritários demais colocam seus filhos em sérias
situações de risco.
v Delinqüência: Jovens delinqüentes
tendem a ter menos auto-estima e maior número de sentimentos de inadequação
pessoal e de rejeição social e emocional. Pais de delinqüentes usam técnicas
disciplinares caracteristicamente frouxas, vagas ou ultra-restritivas,
inclusive com abuso físico e verbal, em vez da explicação sobre o comportamento
desejado. O relacionamento com os pais tende a ser marcado por hostilidade
mútua e falta de coesão familiar, além da rejeição, indiferença, discórdia, ou
apatia por parte dos pais. Embora o comportamento delinqüente nunca deva ser
ignorado, é necessário não extrapolar por causa de atos irresponsáveis menos
graves. Conversa séria, franca e amiga tende a ser o melhor remédio.
v Comer muito pouco: a anorexia nervosa
afeta principalmente as meninas, e começa com um regime aparentemente sensato
para emagrecer, mas que não pára mais. A condição pode levar à morte se não for
tratada. Os anoréxicos típicos aparentam ser crianças muito dóceis e boas,
calmas, obedientes e ansiosas por agradar, mas isso esconde uma falta de senso
de identidade muito forte e de confiança em sua própria capacidade de tomar
decisões. Os pais tendem a ser muito firmes, controladores e a encorajar os
filhos a serem perfeccionistas e a terem desempenho superior. O anoréxico
tende a ser um perfeccionista que sofre de baixa auto-estima. A recusa de
alimento denota uma necessidade desesperada de sentir controle sobre a própria
vida.
v Comer demais: tanto a anorexia como
a obesidade podem esconder um medo inconsciente de ficar sexualmente adulto.
Servem como “cinto de castidade”. Há muitos fatores psicológicos que
influenciam a obesidade: sentimento de vazio ou de solidão, ansiedade de perda
de atenção ou cuidado, sentimento de ser pequeno ou inadequado... Para ajudar,
deve-se garantir o apoio e a compreensão dos pais, bem como dieta adequada.
Prejudica muito ficar “pegando no pé” ou fazendo troça do adolescente obeso.
v Bulimia: assim como a anorexia, tende a afetar mais as meninas e também é
caracteristicamente secreta, geralmente antecedida ou seguida de regimes
rigorosos. A ingestão exagerada de alimentos é seguida de vômitos provocados,
em geral no meio da noite ou de forma disfarçada.
v Depressão: ao contrário da depressão
nos adultos, a depressão adolescente pode passar despercebida, mas não é menos
devastadora e perigosa. Vários sintomas físicos, se recorrentes, podem indicar
depressão: dores de cabeça, indigestão, insônia, fadiga, coceiras... Da mesma
forma, há indícios comportamentais, como isolamento da família ou amigos, uso
de drogas ou sexo promíscuo. Os seguintes sintomas, se durarem mais de três
semanas, também podem indicar depressão: 1) mudança de personalidade drástica
ou inexplicável, 2) dormir mais ou menos do que o usual, 3) tentativas de
fugir de casa, 4) explosões freqüentes e duradouras de raiva ou comportamento
agressivo; 5) enfado crônico; 6) incapacidade constante de se concentrar,
prestar atenção ou pensar com clareza, 7) perda de interesse em atividades
antes apreciadas, 8) falta de tolerância persistente a elogios ou recompensas,
9) pessimismo contínuo e exagerado sobre o futuro, 9) episódios repetidos e
incomuns de choro ou pranto, 10) tendência crescente para a mentira, o
descuido, a desatenção e a atrapalhação.
v Sempre que seu
filho parecer deprimido: seja especialmente amoroso e apoiador; tome a
iniciativa de falar; ajude-o a pensar construtivamente; oriente-o para
atividades criativas e que geram auto-estima; ensine-o a relaxar; viabilize tanta
diversão quanto possível; faça o possível para diminuir o estresse em casa;
considere a necessidade de ajuda profissional.
v Drogas: Os jovens buscam drogas (inclusive o álcool) por
vários motivos: para integrar-se à turma; para parecer mais adultos; conseguir
mais coragem e confiança; desafiar o bom-senso, as regras e a autoridade; por
curiosidade; para transcender a imagem própria negativa; escapar de dores
emocionais ou psicossomáticas e punir a si mesmo. Mas na raiz está a busca do
prazer. Os pais devem ficar atentos aos seguintes sinais: 1) mudança para pior
no comportamento, aparência, desempenho escolar, amigos e padrões de sono e
alimentação; 2) freqüentes falhas na memória, indolência ou linguagem
irracional; 3) dilatação das pupilas, olhos vermelhos, nariz correndo, tosse e
vômitos não associados a doenças; 4) repetidos incidentes de atrapalhação ou
falta de coordenação; 5) mudanças drásticas de humor ou energia; 6) freqüentes
reações inadequadas (raiva, riso, medo); 7)
mentira, roubo ou comportamento criminoso freqüente; 8) falha constante
em aparecer quando combinado, ou no horário, ou em cumprir responsabilidades;
9) crescente sigilosidade, preocupação, afastamento e evitação; 10) falta de
motivação e abandono de antigos interesses; 11) uso intensivo de purificadores
de ar, incenso ou perfumes; 12) posse de instrumentos ou artigos ligados ao uso
de drogas; 13) referência freqüente a drogas nas palavras, piadas e conversas;
14) falta crônica ou inexplicável de dinheiro ou abundância.
v Como prevenir e
auxiliar seu filho com relação ao uso de drogas: 1) mantenha-se ativamente
envolvido no dia-a-dia dele; 2) estabeleça uma norma clara e firme de proibição
de drogas; 3) eduque-o a lidar com situações que promovem o uso de drogas; 4)
eduque-o a exercitar o auto-controle; 5) motive-o a participar de atividades e
a assumir responsabilidades que façam bom uso do tempo livre; 6) procure
supervisionar seu filho de maneira delicada e prática; 7) busque toda a ajuda
possível quando necessário; 8) castigue o uso de drogas de forma adequada; 9)
dê o bom exemplo.
Módulo 9
Planejando o
Futuro
A
Escolha da Profissão
v A travessia da adolescência para a maturidade
é um projeto coletivo de pais e filhos. Ajudar o jovem a planejar seu futuro de
uma forma otimista e realista é uma das grandes contribuições que pais podem
dar ao destino de seus filhos.
v Com sua maior experiência de vida, os pais
podem e devem amparar seus filhos em suas escolhas significativas,
principalmente aquelas com repercussões de longo prazo, como a escolha da
profissão e do futuro cônjuge. A participação ativa, interessada e amorosa dos
pais pode significar a diferença entre uma vida de realizações ou frustrações.
v É importante
deixar claro, e relembrar de vez em quando, o pacto mútuo de encaminhar o adolescente
à independência e responsabilidade.
v A maioria dos
pais comete o erro de apenas corrigir seus filhos, mas um adolescente somente
se sentirá competente se também receber dos pais aprovação, encorajamento,
apoio e elogio.
v Alguns jovens
podem não demonstrar preocupação com
o futuro, mas isso não significa que ela não esteja lá dentro, influenciando
seu estado de espírito e comportamento.
v Em geral, os
adolescentes planejam seu futuro de maneira caracteristicamente adolescente!
Por vezes, estão profundamente empenhados em pensar e cogitar sobre isso,
outras vezes desligam-se totalmente de qualquer consideração futura! Às vezes
são sonhadores, outras, bastante realistas! Exigir muita coerência pode
desencorajar os jovens de se envolverem em qualquer tipo de planejamento e
visão de futuro.
v Os pais precisam
agir com muito tato, fé, confiança e paciência. Encorajem seus filhos a ter
planos, e, delicadamente, ajudem-nos a serem realistas com relação a eles.
v O papel dos pais
é desafiador: por um lado, devem gradualmente abrir mão da autoridade paterna,
deixando mais espaço para os filhos tomarem suas próprias iniciativas e terem
mais controle sobre as próprias vidas. Por outro, precisam sempre estar
disponíveis para prestar qualquer apoio necessário.
v Isso significa,
de maneira geral, permanecer sensível às necessidades sempre mutantes dos
filhos, sem necessariamente intervir sempre; aceitar os erros tanto quanto
possível e ser aberto e flexível quando solicitado a oferecer apoio ou ajuda.
v Procure estar
ativamente envolvido com o orientador educacional ou psicólogo da escola, e
esteja informado das discussões e estudos relacionados futuras profissões,
testes vocacionais, etc.
v Os jovens
geralmente passam por três fases distintas quanto aos seus planos de carreira:
até ao redor dos 12 anos, terão fantasias relacionadas a suas futuras
carreiras; durante o ensino médio, fazem escolhas tentativas que podem mudar
periodicamente; ao redor dos 17 anos deveriam estar pensando mais realistamente
com base em interesses, talentos e oportunidades.
v Os pais devem
identificar em que fase seus filhos se encontram e orientá-los e encorajá-los
de acordo.
v Devem manter um
equilíbrio entre o interesse e o encorajamento no futuro profissional do jovem.
Ajude-o a decidir-se por uma profissão que esteja de acordo com seus talentos,
inclinações, gostos e oportunidades. Não force sua própria profissão sobre os
filhos. A escolha da profissão tem a ver com vocação, não com herança.
v Esteja
consciente de que sua influência sobre os planos futuros de seu filho é
limitada. A influência, geralmente, é proporcional ao grau de afeto e
cumplicidade existente no lar. Entretanto, por melhor que seja o
relacionamento, vocês não podem tomar decisões de vida no lugar de seus filhos.
É melhor deixá-los cometer seus próprios erros, mas estando sempre perto para
ajudar quando necessário.
v Namoro, noivado e casamento
v Mostre, com
gentileza, que apenas os sentimentos não bastam para garantir um casamento
feliz e ajude seus filhos a tomarem outras coisas em consideração.
v Ajude-os a
identificar o caráter do(a) namorado(a), os sentimentos que desperta em si,
como trata os demais (especialmente pessoas em posições inferiores), como se
relaciona com crianças e parentes, seu padrão de gasto e diversão, suas metas
de vida, sua capacidade de raciocínio lógico e a forma como lida com a
frustração e a raiva.
v É importante
ajudá-los a identificar as qualidades que são desejáveis num cônjuge e quais as
expectativas realistas deveriam ser preenchidas por um futuro parceiro de vida.
v Ajude-os a
entender as dimensões de compatibilidade e de complementaridade na relação
conjugal. Elementos de compatibilidade são valores, estilos de vida, objetivos,
padrões de higiene, diversão, interesses, capacidade, gastos e conduta.
Complementaridade vem em aspectos como perfil emocional, onde as necessidades
da personalidade de um são preenchidas pelos impulsos naturais do outro.
v Jamais
antagonize o namorado(a) de seu filho, nem proíba o namoro com agressividade ou
baseando-se apenas no caráter do namorado(a). Você pode argumentar que ainda é
cedo para namorar; que há outras tarefas de desenvolvimento juvenil que
precisam ser cumpridas antes do namoro, como saber conviver em grupo e a
escolher um parceiro amoroso adequado, etc.
v Se você dirigir
suas proibições de namoro à pessoa do namorado(a), em vez de focar as
circunstâncias, a tendência é que seu filho(a) fique do lado do namorado(a),
contra você, e faça tudo escondido.
v Desde os
primeiros envolvimentos afetivos do filho(a), procure desenvolver um laço com a
namorada(o), de amizade e simpatia. Isso ajudará a negociar as eventuais regras
e limites do namoro.
v Não tenha
receios de tratar diretamente, com tato e cortesia, questões como
relacionamento sexual, gravidez, etc. Expresse seus valores. Compartilhe suas
preocupações. Dê conselhos enfáticos, se necessário. Mas não crie um clima de
guerra emocional, que apenas afastará o jovem de você em direção ao que você
mais quer evitar.
v Não tenha medo
de estabelecer limites para a expressão da intimidade entre os dois enamorados,
em sua presença, em público ou dentro de seu lar. Você jamais deveria consentir
com situações que possam lhe causar ofensa ou incômodo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário