Educar é Ensinar a Viver
Programa
de Capacitação de Pais e Educadores
para
uma Cultura de Paz: Primeira e Segunda Infância
Principais Considerações
(Resumo das Palestras)
|
Por Luis Henrique Beust
________________________________________________
Módulo 1
As Duas
Pessoas mais Importantes na Vida dos Filhos
v Há
cerca de seis bilhões de seres humanos sobre a face da terra que podem ser,
para nossos filhos, seus melhores amigos, parceiros, colegas, namorados,
mestres e companheiros de caminhada... Mas apenas dois podem ser seus pais. E
estes são os dois mais importantes seres humanos em suas vidas.
v Nenhum
ser humano tem tanta influência na formação da criança quanto seu pai e sua
mãe. Uma influência que pode ser uma grande bênção, ou um fardo inimaginável.
Que se dá tanto através da presença, quanto da ausência. Tanto para as coisas
boas, quanto para as más.
v Assim
como cada criança necessita de um pai e uma mãe para ser gerada, a boa educação
exige dois progenitores: amor e sabedoria. Geralmente, o amor é algo que
nasce naturalmente com o nascimento dos filhos. Pode ser considerado uma bênção
gratuita. A sabedoria, ao contrário, precisa ser adquirida através da
observação, da informação, da intuição, do diálogo, da empatia, do estudo e da
meditação. Também é uma bênção, mas nasce de nosso esforço e dedicação.
v
Vale
lembrar, porém, que não há sabedoria que nasça sem amor. O amor é
a raiz da árvore onde a sabedoria é o tronco. Por isso, os pais precisam
garantir que seu amor pelos filhos seja sempre renovado a cada novo estágio de
desenvolvimento das crianças, cada qual com seus desafios, alegrias, perigos e
gratificações característicos. É esse amor que garante a mobilização das forças
necessárias para a aquisição da sabedoria e para a construção de um relacionamento
pleno de satisfação e significado.
v O
amor por nossos filhos, e deles por nós, é como descobrir um novo continente.
Um continente a ser explorado, conhecido e habitado, com todas as suas
maravilhas e desafios, riquezas e perigos, montanhas e planícies, desertos e
mares... Este novo continente passará a fazer parte do mundo que já conhecemos
e com o qual estávamos acostumados.
v
Com nossos filhos, em formas não-verbais e em
dimensões quase que incomunicáveis:
a.
passamos a compreender melhor a maravilha e o desafio
da interação com o próximo;
b.
podemos compreender melhor nossa própria fragilidade;
c.
podemos compreender melhor nossas próprias vitórias;
d.
passamos a compreender melhor nosso despreparo e
insegurança na educação dos filhos.
v Justamente
porque a relação com nossos filhos será influenciada pela qualidade de todas as
nossas outras relações, deveríamos aproveitar o seu nascimento para procurar
analisar, diagnosticar e, na medida do possível, tratar, curar e harmonizar
todos os demais laços: com o cônjuge, os pais, os irmãos, parentes, amigos,
etc. Ao fazermos isso, estaremos, de forma natural, dinâmica e sutil, atuando
também sobre a qualidade do relacionamento com nossos filhos.
v Dentre
as relações, a que estabelecemos com o cônjuge é de extrema importância para
definir o clima geral de como lidamos com as crianças. Ela é a mais
importante relação dentro da família. Fica muito mais difícil quando a
relação conjugal não é boa. A tendência, nesses casos, é que as crianças se
tornem:
a.
bodes-expiatórios do conflito entre os pais,
recebendo muito da agressividade, do desrespeito, da desatenção e do desamor
que um parceiro sente pelo outro.
b.
pomos-da-discórdia, quando as crianças são
usadas para intensificar os ataques mútuos, quando os pais discordam
frontalmente com relação a aspectos como a disciplina, aparência e
comportamento da criança. Ou quando cada um dos pais tenta conquistar para si
uma medida maior do amor do filho, às custas do cônjuge;
c.
tábuas-de-salvação, quando cada um dos pais, por
carência de afeto e amor na relação conjugal, busca fazer do filho um companheiro
e obter dele o afeto,
consolo e apoio que deveria receber do cônjuge. O filho se torna um provedor de afeto, sendo levado a cuidar
do bem-estar emocional do pai ou da mãe, em vez de ser cuidado por eles. Nesses
casos, os pais tendem a ser excessivamente indulgentes, protetores, íntimos e
dependentes com relação aos filhos.
Módulo 2
A Natureza
do Amor Entre Pais e Filhos e a Comunicação do Amor: Olhar e Toque
v
O amor
não é só um sentimento, mas uma força que produz ações e transformações quando
é adequadamente comunicada.
v
A
comunicação do amor é tão importante quanto o sentimento do amor. Sem a
comunicação eficaz, o amor não é sentido e não produz efeito.
v
A
comunicação do amor, como toda comunicação, possui quatro elementos básicos: 1)
o emissor; 2) a mensagem; 3) o código (forma como a mensagem é transmitida); e
4) o receptor.
v
Enquanto
os adultos se apóiam muito na comunicação verbal, o código das crianças é
não-verbal.
v
O
comportamento diz mais sobre o amor do que as palavras, especialmente para as
crianças.
v Não se preocupem por seus filhos não darem
atenção ao que vocês dizem. Preocupem-se por eles observarem tudo o que vocês
fazem!
v
O amor
ideal, que deve servir de base para a educação e disciplina das crianças é o amor incondicional. Ele precisa ser
exercitado continuamente.
v
Lembre-se
constantemente de que: 1) as crianças são
crianças; 2) elas agem como crianças; 3) grande parte do comportamento
infantil é desagradável; 4) o amor incondicional capacita a criança a abandonar
o comportamento desagradável; 5) o amor condicional gera insegurança, baixa
auto-estima e impede o progresso no autocontrole e amadurecimento; 6) o
amadurecimento adequado dos filhos é tanto responsabilidade deles mesmos quanto
dos pais.
v
Crianças
são como espelhos: elas refletem, mas não iniciam o amor. Se recebem amor,
retribuem. O amor incondicional é refletido incondicionalmente e o condicional,
condicionalmente.
v
As
necessidades emocionais das crianças são satisfeitas pelo olhar carinhoso,
toque amoroso, atenção concentrada e disciplina amorosa. Quando emocionalmente
supridas, as crianças são agradáveis e comportadas. O tanque emocional
precisa estar cheio!
v
O mau
comportamento é uma pergunta: você me
ama? Você ainda me ama?
Olhar Carinhoso:
v
Os olhos
não servem apenas para ver, mas também para alimentar-se. A alma da criança (e
de qualquer ser humano!) é alimentada pelo olhar carinhoso dos demais.
v
Evite
olhar nos olhos do filho apenas quando ele se comporta de uma maneira que lhe é
agradável (amor condicional). Evite ainda mais apenas olhá-lo somente para
mensagens negativas.
v
Olhe nos
olhos de seu filho, com carinho, com regularidade, incondicionalmente. Olhe-o
sempre nos olhos quando estiver conversando.
v
O olhar
deve ser sempre confortável, gostoso (entrar e sair no tempo
certo).
v
Quanto
menor a criança, tanto mais ela necessita do amor dos olhos nos olhos. Com o
tempo, o olhar carinhoso deve ser adequado à evolução da criança, mas será sempre necessário.
O Toque
v
Estudos
mostram que a maioria dos pais só toca seus filhos quando a necessidade exige.
v
Todo
tipo de contato físico amoroso é importante para encher o tanque emocional das
crianças.
v
Crianças
que não aprendem o toque amoroso tendem a ser violentas, a desconfiar do toque
dos demais e a buscar a sexualidade prematura no anseio pelo toque prazeroso.
v
Toque
seu filho com carinho regularmente: abrace, beije, faça cafuné, massagem, cosquinha...
v
O toque
carinhoso é sempre registrado, mesmo sem palavras.
v
A regra
básica do toque também é o conforto, deve ser sempre agradável.
v
A
criança expressa sua angústia e sofrimento pelo mau comportamento. O remédio é
o comportamento amoroso: olhar e toque com carinho!
v
Ocasiões
especiais para o olhar e o toque são: quando os filhos se machucam (física ou
emocionalmente), quando cansados, doentes ou em períodos especiais (sucesso
especial, hora de dormir, luto, etc.).
v
Meninas
têm necessidade imensa de olhar e toque por volta dos 12 anos de idade,
especialmente dos pais (homens).
Módulo 3
A
Comunicação do Amor entre Pais e Filhos: a Atenção e a Disciplina
v
As
crianças não buscam nosso amor através do bom comportamento - elas testam nosso amor através do mau
comportamento!
v
O
comportamento dos pais diz muito mais sobre o amor do que as palavras.
v
A
criança expressa sua angústia e sofrimento pelo mau comportamento. O remédio
sempre é o comportamento amoroso: olhar e toque com carinho, atenção
concentrada, disciplina amorosa!
v
A criança que é amada condicionalmente faz a
vontade dos pais para conseguir o que ela
quer! Ame incondicionalmente!
v
Crie uma
forte imagem positiva de seu filho no futuro e seja leal a ela. Acredite nela.
Nutra-a em sua alma. Imagens mentais são profecias que se autocumprem. Crer para ver!
Atenção
Concentrada
v
A
atenção concentrada de cada um dos pais é uma necessidade vital dos filhos - reservem tempo para isso. Não queira ser
pedagógico, apenas divirta-se com seu filho. Isso é o mais pedagógico!
v
Reserve
tempo para estar a sós com cada um dos filhos de tempos em tempos. Reveze a
atenção de forma criativa (como deitar cada vez na cama de um deles para contar
histórias, etc.)
v
No
primeiro ano de vida, as necessidades físicas do bebê confundem-se com as
necessidades emocionais. A mãe deve interromper tudo o que estiver fazendo para
atender às necessidades do filho.
v
Olhe seu
filho nos olhos e toque nele com carinho nos momentos de atenção especial.
(Lembre-se da regra básica: precisa ser confortável!)
v
Planeje
ocasiões que possam se tornar em momentos de atenção concentrada (um sorvete na
ida ao médico, ajudar numa tarefa doméstica, assistir um filme, um jogo, contar
histórias, etc.)
v
Esteja
atento para aproveitar os momentos passageiros e as oportunidades que a vida
oferece para a atenção concentrada: o relato de uma vitória do filho, o momento
de ir para a cama, etc.
v
Crianças
menos exigentes tendem a ser desatendidas pelos pais. Cuidado para não
privilegiar sempre as que fazem maiores solicitações.
v
O vital
é criar, junto com a criança, um momento
mágico de cumplicidade e atenção especial: uma piscada de olho, um aceno,
um cafuné especial, etc.
v
A
necessidade de atenção concentrada aumenta
com a idade.
Disciplina
v
Amor e
disciplina estão interligados: fazer a criança sentir-se amada é o primeiro e
mais importante aspecto da boa disciplina.
v
Sem se
sentir amada a crianças reage negativamente aos pais e a seus valores. A
resposta da criança à disciplina depende do quanto ela se sente amada.
v
A
disciplina se dá através de todas as formas de comunicação: exemplos,
influência, comandos, solicitações, ensino, experiências alegres. Castigo e
punição são apenas a mais primitiva e negativa forma de disciplinar, e devem
ser o último recurso.
v
Oferecer
guia para a boa ação e o bom pensamento é uma forma mais eficiente de
disciplinar do que punir pelas más ações.
v
Garanta
à criança que você entende suas razões: repita suas palavras, parafraseie.
v
O
descontrole emocional dos pais desperta desprezo e aumentam o desrespeito. O
castigo exagerado cria crianças amedrontadas quando pequenas, mas desafiadoras
e agressivas à medida que crescem.
v
O
castigo corporal reduz drasticamente o sentimento de culpa e a criança não mais
reflete sobre seu erro nem busca se corrigir.
v
Sempre
trate o mau comportamento junto com as suas causas: o que a criança precisa?
Contato visual? Toque? Atenção concentrada? Há algum mal-estar físico?
v
Não puna
a criança genuinamente arrependida. Isso gera raiva e diminui o saudável
mal-estar do arrependimento. O objetivo é corrigir a consciência, não o castigo
em si. Uma consciência saudável é a melhor barreira contra o mau comportamento.
v
Saiba
perdoar. A criança que não se sente perdoada sofrerá até à vida adulta.
v
O bom
comportamento deve ser encorajado e solicitado, não comandado. Reserve os
comandos para as emergências
v
Seja
firme no estabelecimento de limites, não
do castigo. Pais cometem erros de julgamento: saiba aumentar ou diminuir o
castigo. Peça desculpas pelos equívocos.
v
Sempre
explique as razões para a punição e seja consistente: recompensa e punição
devem ser conseqüência dos atos da criança,
não do humor dos pais.
v
Adolescentes
sempre testarão os limites. Seja inicialmente mais restritivo e gradualmente
mais flexível. A independência deve ser conquistada através da maturidade.
v
O melhor
corretivo é deixar o adolescente sofrer as conseqüências naturais de seu mau
comportamento. Evite castigos adicionais.
v
Adolescentes
necessitam do controle paterno. Mas as regras e restrições devem ter motivos
práticos, não morais. Basta que sejam razoáveis.
v
Estabeleçam
a constituição e as normas do lar em conjunto. Sejam leais a elas e
modifiquem-nas em conjunto quando necessário.
Módulo 4
Disciplina:
o Futuro dos Filhos é um Reflexo do Lar
Disciplina na Primeira Infância:
v A disciplina
infantil é aprendida, e depende da maneira como os pais transmitem seu amor e
suas regras de comportamento.
v Estabeleça
regras imutáveis, e seja firme nelas, apenas para aquelas coisas realmente
essenciais (rimas ajudam: Sou muito
boazinha e não atravesso a rua sozinha!).
v Seja claro.
v Seja coerente
v Seja constante.
v Seja seguro.
v Sempre se
esforce por educar, em vez de ditar ordens.
v Jamais
discipline a criança através da agressão física. Toda punição, ou sua ameaça, é
de pouca serventia para impedir o mau comportamento. Em geral, só produz
ressentimento.
v A primeira e
mais importante regra para disciplinar uma criança é a paciência. Evite reações intempestivas: “É muito jóia desenhar, mas fazer isso nas paredes não é correto e não
quero mais que você faça isso”.
v Ambos os pais
precisam estar de acordo quanto às regras e normas disciplinares do lar.
v Focalize o
problema, não a criança, e apele tanto quanto possível para a razão.
v Procure não
ficar emocionalmente envolvido ou alterado durante confrontos disciplinares.
v Quando
apropriado, use o sossego como
técnica disciplinar.
v Se possível,
ofereça alternativas, em vez de simplesmente dizer não. (Você pode continuar brincando aqui se fizer
silêncio, senão tem que brincar lá fora.)
v Procure misturar
elogios com repreensões, boas notícias com más notícias.
· Não exagere com relação
às conseqüências de um mau ato;
· Invoque o lado bom da
criança sempre que ela se comporta mal;
· Mencione algo agradável
que a criança possa desejar;
v Peça desculpas sempre que fizer algo errado. Não embarace ou humilhe seu filho.
v Dê o bom exemplo. As crianças aprendem o que vêem. Evite o elogio do
indesejável. (Deixa eu tomar um
wiskinho pra relaxar!)
v Busque auxílio quando as coisas fugirem ao seu controle.
v Eduque em vez de
emitir ordens: Se você segurar o gato
assim ele pode se machucar!, em vez de Solte
esse gato!
Dando Ordens que Funcionam:
v Certifique-se de
que a criança pode escutá-lo e que o está fazendo.
v Torne divertida
a hora de parar uma brincadeira: (Hora
de guardar os brinquedos! Vamos juntar tudo que é vermelho! Agora tudo que é
azul!)
v Não apresente suas ordens como uma pergunta.
v Evite enunciar
ordens como solicitação de favor.
v Procure utilizar
sempre o mesmo tom de voz para emitir ordens.
v Evite mais de
duas ordens ao mesmo tempo.
v Se possível e
apropriado, inclua um incentivo junto com a ordem, mas evite o suborno do “se”.
· É hora de ir para a cama, e então eu posso
contar uma história.
· Filho, me ajude aqui para que eu possa
começar a preparar a sua janta.
v Tenha sempre
coerência e constância nas ordens.
v Dê avisos com
antecedência (Daqui a 10 minutos vou servir
a janta. Vão se preparando.)
Administrando Pedidos Insistentes:
v Converse com a criança sobre a saída de casa com antecedência (dez
minutos antes).
v Antes de entrar numa loja, se for adequado, concorde em dar uma coisa
especial para a criança e mantenha-se firme.
v Invente um jogo durante as compras.
v Surpreenda a criança com uma prenda especial quando ela está inquieta.
v Dê à criança uma certa quantia para gastar.
v
Envolva seu filho ao
máximo durante suas compras. Peça sua ajuda ativa.
Administrando Ataques Histéricos:
v
Investigue e resolva a causa: fome, fadiga,
desconforto ou doença. Se for realmente
manha:
v
Distraia a criança. (Olha só o que eu achei
aqui na bolsa!!!)
v
Ignore se ela não se distrair (Se você
quiser ficar fazendo manha, o problema é seu, eu nem vou dar bola...)
v
Isole - dê um tempo de
castigo (Eu já pedi para parar. Você está sendo muito desobediente, por isso
quero que vá para o canto de castigo.)
v
Registre as circunstâncias, para evitar
repetições desnecessárias do embate emocional.
Ensine à criança um melhor modo de
comportamento. Expresse seus sentimentos verdadeiros e deixe a criança saber
como você se sente em cada circunstância. Isso geralmente tem mais efeito do
que ordens ou argumentos vazios (Estou
cansada e gostaria de ir para casa!).
Módulo 5
Os
Fundamentos da Formação do Caráter
v Nosso Caráter Total, ou seja, aquilo que
somos, é um complexo resultado da combinação de três componentes básicos, que
são o Caráter Herdado, o Caráter Inato e o Caráter Adquirido.
v O Caráter Herdado tem a ver com nossa
herança genética. É aquela índole que nos foi transmitida pelas gerações que
nos precederam e que transmitiremos às que nos sucederão. Ele é determinado na
fecundação, pela combinação dos 23 cromossomos da mãe com os 23 do pai. Isso
gera um novo ser humano, único em todo o universo. O caráter herdado tem a ver
não apenas com características físicas, mas também psicológicas e emocionais.
v O Caráter Inato refere-se àquela índole
também congênita, mas que não depende da herança genética. Ele é determinado
pelas condições de fecundação e gestação e influências pré-natais. Doenças da
mãe, seus hábitos (alimentação, cigarro, álcool) e seu estado de espírito
influenciam a formação do bebê.
v O Caráter Adquirido, ou Personalidade, é fruto da relação com
os pais, das experiências vividas, da educação, da sociedade, cultura e
religião, bem como das decisões tomadas no processo de individuação. O caráter
adquirido é a parte maleável do ser humano, especialmente até a puberdade.
v Pesquisas
realizadas com recém-nascidos no berçário identificaram nove traços de caráter
que variam desde o nascimento: 1) Nível
de atividade, 2) Ritmo/
Regularidade, 3) Aproximação ou
afastamento, 4) Adaptabilidade, 5) Intensidade de Reação, 6) Limiar Sensorial, 7) Ânimo (Qualidade da disposição), 8) Desvio de atenção, 9) Persistência e amplitude de atenção
v Os traços de
caráter congênitos (herdados e inatos) acham-se profundamente enraizados e “os desenvolvimentos posteriores dos padrões
e traços básicos são mais uma expansão e suplemento do que uma metamorfose. São
mais evolucionistas do que revolucionários.”1
v O caráter
congênito pode ser lapidado pela educação, mas tentar mudar a natureza e o
temperamento da criança apenas levarão à frustração e dissabores. A criança
deve ser amada pelo que é, como pedras preciosas diferentes são valorizadas por
sua cor e brilho característicos.
v O caráter congênito é criação de Deus e,
portanto, absolutamente bom. “Na Criação
não existe o mal, tudo é bom.”4 As emoções, características e
tendências inatas dos seres humanos são boas por natureza.
v Ainda que os
componentes congênitos do caráter marquem a personalidade adulta, a influência
da educação e das experiências de vida são extraordinárias. “É por seu intermédio que o ignorante
adquire conhecimentos e o covarde valor, assim como o ramo torto se endireita
mediante cultivo... e a flor de cinco pétalas vem a ter centenas.”7
v O Caráter
Adquirido depende da aquisição de conhecimentos, habilidades, atitudes e
qualidades (virtudes). “A causa
fundamental do mau procedimento é a ignorância... O bom caráter tem de ser
ensinado.”8
v “Os fundamentos da personalidade (caráter
adquirido)... somente são sólidos e bons quando os pais percebem e satisfazem
as necessidades somáticas, psicológicas e cognitivas de seus filhos e quando
seus cuidados são afetuosos e sua orientação é gentil.”2
v “A qualidade básica da vida inteira de uma criança
é determinada pelas ações da mãe durante os três primeiros anos de vida.”3
v A educação e o uso do livre-arbítrio é que
determinarão o perfil moral dos traços de caráter. “É da capacidade adquirida que surge o mal... Só quando o homem usa
suas qualidades naturais de um modo ilegítimo é que estas se tornam
censuráveis.”5
v Os maus traços de caráter são reações
violentas contra a frustração das nossas necessidades, emoções e capacidades
intrínsecas... “A natureza humana está
muito longe de ser tão má quanto se pensava.”6
v Referências:
1). Pikunas,
Justin. Desenvolvimento Humano. São
Paulo, McGraw-Hill, 1979. P.198.
2). Id. Ibid. P.205. 3). White, B.L.
Apud. Pikunas, op. cit. P.203. 4). Ábdu’l-Bahá. O Esplendor da Verdade. São Paulo,
Record, 1975. P.180-1. 5). Id. Ibid. 6).
Maslow, Abraham. Introdução à Psicologia
do Ser. Rio de Janeiro, Eldorado, 1968. P.28.m 7). Ábdu’l-Bahá. Op. Cit. P.179. 8). Ábdu’l-Bahá. Educação Bahá’í. Rio de Janeiro, Bahá’í,
1981.
Módulo 6
Crer para Ver:
Como a
Imagem que Temos de Nossos Filhos Determina Seu Futuro
v A forma como os
adultos, especialmente pais e professores, encaram suas crianças exerce uma
influência poderosa sobre a imagem que elas formam de si mesmas e de suas
habilidades.
v Pesquisas
demonstraram que as atitudes dos adultos em relação às crianças são as causas, não as conseqüências, do
comportamento delas.
v Há evidências
claras de que pais e professores formam seus conceitos sobre as crianças bem
cedo, e que, uma vez estabelecidas, essas atitudes tendem a se auto-perpetuar,
sendo muito difíceis de serem alteradas.
v Inúmeros estudos
demonstraram que crianças cujos pais (ou professores) acreditam que elas terão
êxito na vida realmente saem-se muito bem nas coisas em geral. Quando as
expectativas em relação ao desempenho acadêmico e comportamental são negativas,
um desempenho negativo se segue. Em suma: quando você espera o bem, ele
acontece. Se você espera o mal, ele também vem. Crer para ver!
v Nossas crenças e
atitudes reais em relação às crianças “vazam” para elas através da linguagem
não-verbal. Alguns sinais são tão sutis que exercem seu poderoso efeito apenas
abaixo do nível de consciência.
v Pais e
professores que têm uma imagem positiva das crianças passam mensagens
não-verbais muito mais carinhosas e positivas: sentam-se mais perto da criança,
sorriem mais e mantêm o contato visual por mais tempo. Pequenos detalhes no
movimento das sobrancelhas, dos lábios e da testa, bem como no tom de voz, na
postura e gesticulação, transmitem mensagens ou de aceitação e encorajamento ou
de rejeição e desagrado.
v As mensagens
não-verbais não são controladas conscientemente, mas são expressões naturais
das convicções dos adultos em relação às crianças. Se você nutre um determinado
sentimento em relação a uma criança você irá transmiti-lo a ela, não importa
quão seriamente tente disfarçá-lo.
v Sabemos que todas as crianças têm o potencial
para um comportamento positivo e uma atitude cooperativa. Quando criamos dentro
de nós uma imagem positiva de cada uma das crianças, e da relação entre elas, e
quando agimos embasados nessa imagem, evocamos nelas uma auto-imagem e
comportamentos positivos.
v A necessidade de
medidas disciplinadoras será grandemente diminuída se você focalizar as coisas
positivas e, no fundo do coração, esperar que elas aconteçam.
v Exercite a
imagem positiva a respeito das crianças regularmente: mentalizando, dialogando
com o cônjuge, escrevendo, ou orando. Questione suas crenças sobre o “mal”
inato de algumas crianças, ou sobre elas “não terem jeito” e destrua-as.
v Mentalize a
criança no futuro, como um jovem adulto, ou mesmo com mais idade, e imagine
todas as coisas boas que puder sobre ela naquela fase da vida: veja-a feliz,
cercada de familiares e amigos, sorridente, respeitada na sociedade, com boa
índole, honesta e responsável. Crie o quadro mental mais vívido possível. Crer
para ver!
v As bases da
auto-estima estão no sincero carinho e aceitação que as crianças recebem dos
adultos ao seu redor. Carinho e aceitação sinceros significam amar a criança
incondicionalmente, pelo que ela é, mesmo que seu comportamento não seja
adequado.
v Se uma criança
percebe (e elas sempre percebem!) que seus pais ou professores gostariam que
ela fosse “diferente”, ela geralmente interpreta isso em termos de “Eles
gostariam de ter outro filho (aluno), que não eu”. Isso gera uma angústia
básica que leva a criança ou a ser subserviente, ou a ser desafiadora. De
qualquer forma, seu desenvolvimento emocional será afetado negativamente.
v A única maneira
de mudar o comportamento inadequado, é o amor
incondicional pela criança, mas deixando claro que alguns de seus comportamentos não são apreciados ou
tolerados.
v Crie dentro de
si uma imagem positiva poderosa da criança como uma pedra preciosa, que precisa
lapidação para brilhar. Ou uma planta encantadora, que exige cuidado permanente
para florescer e desabrochar da melhor maneira.
v Se você for
religioso, ou espiritualista, utilize a oração e a meditação para pedir a Deus
por seus filhos ou alunos. Permita que as palavras das escrituras sagradas
criem raízes em seu coração e sua consciência, e entregue a Deus o cuidado de
seus filhos, implorando por guia e ajuda para conduzi-los no caminho certo.
Módulo 7
A Magia do
Reforço Positivo no Lar
v Quatro fatores
dão origem ao otimismo ou ao pessimismo e à depressão: 1) herança genética, 2)
pessimismo dos pais, 3) críticas pessimistas da parte de adultos significativos
e 4) experiências de sucesso ou de desamparo durante a vida.
v A forma como as
crianças explicam os infortúnios e as venturas da vida - seu estilo
explanatório - é um hábito mental com profundas
repercussões na forma como irão se sentir e se comportar durante toda a vida.
v O estilo
explanatório é uma teoria da realidade que
afeta nossas emoções, auto-estima, desempenho, perseverança, saúde, e nossa
capacidade de superar crises e dificuldades e de ser feliz e ter sucesso.
v O estilo
explanatório trabalha com três dimensões de entendimento: 1) permanência (tempo),
2) difusão (espaço interior) e 3) personalização (responsabilidade/culpa). O
pessimismo vê os infortúnios como permanentes (sempre e nunca),
generalizados (“tudo” e “nada”) e de responsabilidade exclusiva da pessoa.
v O cadinho onde o
otimismo da primeira infância é forjado é a ação exitosa. Para isso a criança precisa, ajudada por pais
conscientes, criar o hábito de perseverar face a desafios e obstáculos, como
aprender a caminhar, jogar bola, realizar tarefas de higiene, etc.
v Quando a criança
entra na escola, a fonte do otimismo ou do pessimismo muda das experiências de
ação exitosa para a maneira como a criança pensa,
especial-mente quando fracassa em alguma coisa.
v Pesquisas
demonstraram que pais e professores tendem a criticar de forma diferente os
meninos e as meninas quando falham no estudo. Meninas recebem mensagens que
enfocam sua falta de habilidade e talento. Meninos são criticados por falta de
esforço, atenção e disciplina.
v Pesquisas
mostraram que a auto-estima dos filhos é maior quando os pais estabelecem e
fazem cumprir regras e limites claros. Quanto maior a liberdade dos filhos,
mais baixa sua auto-estima.
v É impossível que
as crianças se sintam bem sem que
aprendam a agir bem. A auto-estima e
a felicidade são efeitos colaterais da
capacidade de vencer os desafios, trabalhar com sucesso, superar as frustrações
e o aborrecimento, e vencer.
v Para que uma
criança tenha sucesso e desenvolva auto-estima é necessário que ela experimente o fracasso, que se sinta mal e tente
novamente, até ter êxito. Nenhum desses passos pode ser dispensado. O fracasso
e o sentir-se mal são elementos necessários para finalmente obter o sucesso e
sentir-se bem.
v Se tentarmos
amenizar os fracassos com mensagens consoladoras de piedade, estaremos privando
as crianças da possibilidade de sucesso e de elevada e sólida auto-estima.
v Compreenda a
diferença entre “elogio” e “encorajamento”. Elogios dependem de uma conquista,
de um êxito ou sucesso. Mas o encorajamento é incondicional. Ele aceita e apóia a pessoa independentemente do resultado
de seus esforços.
v O encorajamento
enfoca mais o esforço do que o resultado.
Ajude a criança através de perguntas que reenfocam a questão de forma
positiva: “Que tal foi o jogo? O que foi legal, mesmo que o resultado não tenha
sido o que você esperava? O que você aprendeu?” Ou: “Entendo que você se sente
chateado, mas também confio na sua capacidade de encontrar uma saída para essa
situação”.
v Quando os
adultos simplesmente elogiam as crianças, elas podem se tornar dependentes de
estímulos externos para se sentirem bem. E outras pessoas podem criticá-las, ou
elas podem não acreditar nos elogios, por elevada autocrítica.
v Um fundamento
firme e saudável para a auto-estima, portanto, é aquele encorajamento que ajuda
a criança a ver os erros e falhas como oportunidades preciosas para aprender.
v As crianças
necessitam ter a capacidade de assumir a responsabilidade de forma realista,
nem colocando toda a culpa automaticamente sobre si nem sobre os outros.
v Também
necessitam aprender a utilizar a auto-acusação comportamental ao invés
da auto-acusação generalizadora. A auto-acusação generalizadora dá explicações permanentes e difusas para a
culpa pessoal, enquanto que a comportamental enfoca a culpa em termos
temporários e específicos.
v Quando for
necessário, repreenda a criança focalizando as causas pessoais, temporárias e
específicas que causaram a falta, e evite condenar o caráter ou a habilidade da
criança. Nunca exagere na repreensão.
Módulo 8
Prevenção e
Resolução Pacífica de Conflitos
v Um ambiente de
paz, amor, aceitação e alegria não surge por mágica. Ele é criado através de
conhecimentos, habilidades, atitudes e qualidades voltadas para a paz em vez do
conflito.
v A prevenção e a
resolução pacífica de conflitos depende de cooperação, calma e da disposição para
resolver as discordâncias; da habilidade para trabalhara de forma cooperativa
para resolver problemas, de amor e aceitação e da habilidade de dizer: “Errar é
humano. Cometi um erro. Vou tentar de novo.”
v A construção da
paz depende da aceitação de si mesmo e dos outros, da comunicação eficaz, da
habilidade para resolver conflitos e da aceitação e valorização das diferenças.
v Estabelecer
limites razoáveis e em consulta com as crianças, definindo a “constituição do
lar”, ajuda a prevenir conflitos. Definam os “nunca”, os “as vezes” e os
“sempre”, de acordo com a idade das crianças. Algumas regras precisam ser
modificadas conforme as circunstâncias, como férias, doença ou viagem.
v O auto-conceito
positivo é a chave fundamental para uma atitude pacífica. Ele influencia todos
os nossos pensamentos, palavras, ações, interações e reações. Para prevenir os
conflitos no lar ou escola, busque seguir estas diretrizes gerais:
1) Crie dentro de
si uma imagem positiva de si mesmo, de cada uma das crianças e da relação entre
elas. Todos os estudos demonstram que as
crianças cumprem o que esperamos delas: se nossa imagem for positiva, elas
irão se comportar positivamente. Exercite a imagem positiva regularmente:
mentalizando, dialogando com o cônjuge, escrevendo, ou orando. Crer para ver!
2) Transmita
regularmente carinho através do olhar, do toque e da atenção concentrada. Toda
criança necessita regularmente da atenção de qualidade de cada um dos pais. As
pesquisas demonstram que 20 minutos de atenção diária reduz muito a agressividade.
Adolescentes podem preferir períodos maiores, menos vezes por semana.
3) Utilize
Afirmações Positivas regularmente. Elas devem enfocar todo os comporta-mentos
ou atitudes dignos de louvor e precisam
ser sinceras e específicas para serem eficazes. Ao invés de dizer: “Você é
um menino tão querido!”, diga: “Achei maravilhosa a forma carinhosa como você
tratou seu colega na hora do lanche!”
4) Elogie a criança
no momento em que percebê-la fazendo algo certo. Procure focalizar o
comportamento positivo mais do que o negativo como um hábito de vida. As
crianças necessitam de atenção e irão sempre se comportar mal se isso atrair
mais atenção do que o bom comportamento. Note e elogie o positivo no ato.
v Crianças brigam
entre si basicamente por três razões: 1) Busca de atenção dos pais, 2)Busca de
companhia, 3)Busca de poder.
v Brigas para chamar a atenção dos pais: 1) Dê a cada criança algum tempo especial
por dia. 2) Reconheça a singularidade e
individualidade de cada criança. 3) Ensine as crianças a solicitarem atenção
construtivamente. 4) Visualize a criança se comportando da maneira como você
deseja.
v Brigas em busca de companhia: 1) Estruture o ambiente para reduzir o conflito. 2) Ensine as crianças a reconhecer os
sentimentos alheios. 3) Ensine a criança
a como envolver os outros. 4) Busque
companheiros adicionais.
v Brigas por busca de poder: 1) Não julgue nem acuse se não viu tudo o que
se passou. 2) Ofereça à criança
afirmações adequadas à idade. 3)
Encoraje negociações em que ambos vençam.
4) Estabeleça limites adequados à idade.
v Quando um
conflito já está instaurado, procure usar as seguintes soluções, de acordo com
as circunstâncias:
1) Ignore: muitas
vezes os conflitos acabam sem precisar de envolvimento paterno.
2) Reestruture o
ambiente: remova ou acrescente coisas,
ou altere sua disposição.
3) Dê alternativas:
“Pedro e João, escolham! Ou vocês param de brigar ou terão de guardar o jogo.”
4) Faça
solicitações: “Este barulho não está me deixando concentrar. Quero que vocês
brinquem bem quietinhos agora, por favor!”
5) Encoraje a
negociação: 1) acalmar-se, 2) identificar o problema (frases com “eu”), 3)
buscar alternativas “ganha-ganha” e tomar decisões, 4) Afirmar, perdoar ou
agradecer.
6) Dê ordens
diretas ou imponha um tempo de “sossego”: “Parece que estão precisando um
descanso um do outro! Pedro, você senta na cozinha. Paulo, você senta no sofá.
Quando quiserem brincar de novo, sem brigar, podem começar o jogo outra vez!”
Módulo 9
A Manutenção
dos Relacionamentos Através da Consulta
v Muitos pais
sofrem de distorções na noção do que significa ser um "bom pai". As
mais comuns são:
·Fazer tudo pela
criança. Pode ser causada pela compensação de sentimentos de
culpa, descrença na capacidade do filho, percepção exagerada da fragilidade da
criança devido a problema ou enfermidade passados ou presentes, ou porque os
pais precisam se sentir úteis.
·Dar tudo para a
criança. Significa não apenas dar coisas materiais, mas também a
atitude geral de renúncia, em que as vontades ou necessidades das crianças são
sempre colocadas em primeiro plano. Pode encobrir intensos sentimentos de
culpa, ou compensar frustrações dos pais. Mas a criança acaba sendo
"cobrada" de formas inadequadas: pode ser muito exigida, ou ter que
aumentar a auto-estima dos pais como um "cartão de visitas" deles,
v A exigência
exagerada em relação a nós mesmos como pais pode nos fazer prisioneiros de
eternos sentimentos de culpa: "Como fui fazer isso?", "Eu não
podia ter deixado isso acontecer.", "Ele está sofrendo assim só por
culpa minha.", etc. Tais sentimentos não ajudam no trato com as crianças,
impedindo muitos pais de ser firmes quando necessário e prejudicando-os na utilização do amor, da intuição, da
espontaneidade e do bom-senso, essenciais no processo criativo de educação
dos filhos.
v Há também
algumas crenças infundadas que geram tensões difíceis de lidar que acabam
prejudicando o relacionamento. Eis alguns:
· Mito da normalidade: achar que uma criança
normal não tem problemas, nem ansiedades, nem conflitos ou dificuldades.
· Mito da solução ideal: esperar uma fórmula
mágica que garanta que tudo vá correr bem.
· Mito da harmonia perfeita e eterna no
relacionamento familiar.
· Mito dos irmãos unidos: leva os pais a
intervir mais do que necessário e adequado.
· Mito de que quando se ama alguém não se
pode sentir raiva ou irritação.
v A melhor maneira
de buscar soluções adequadas para os problemas sempre renovados da vida em
família é a consulta. A consulta é um
processo utilizado para provocar alguma mudança com o objetivo de alcançar
algum propósito definido.
v A consulta se dá através do diálogo
estruturado de modo a cumprir certos requisitos, condições e formas de
expressão.
v É fundamental
que a consulta seja um ato de amor,
de busca da verdade e de harmonização das discordâncias através da unidade na
diversidade.
v Durante a consulta, cada um dos participantes
precisa empenhar-se para agir com devoção, cortesia, dignidade, cuidado e
moderação, ao mesmo tempo em que expressa suas opiniões e sentimentos com toda
a franqueza. Todos esses elementos são fundamentais, como uma receita de bolo.
Sem eles não há resultado adequado.
v O primeiro
objetivo da consulta é chegar a uma compreensão do problema.
Para isso cada um deve buscar a verdade, e expressar seus pensamentos com toda
a liberdade. Se a liberdade de qualquer membro for tolhida, a verdade ficará
oculta. O mesmo ocorrerá se houver insistência na própria opinião, ou
antagonismo, ou rancor.
v O segundo
objetivo é tomar uma decisão que acomode
a situação da melhor forma para todos. Ninguém tem o direito de menosprezar
as idéias dos demais, nem de se sentir ofendido se a sua idéia não é acatada.
As idéias não pertencem a quem as deu, mas ao grupo. Não há derrotados. Todos
são vencedores ao tomarem uma decisão que pareça a mais adequada para o
momento.
v É bom revezar
momentos de consulta formais, que devem ser sempre alegres e animados, plenos
de intimidade familiar, com momentos de consulta espontânea.
v As consultas formais, ou conferências
familiares, devem ser realizadas com regularidade, mas não são momentos para
sermões ou ajustes de contas, mas sim para compartilhar, planejar e animar.
v Uma vez tomada
uma decisão, deve-se colocá-la em prática com confiança e flexibilidade. Todos
devem se esforçar para que ela se torne realidade. Caso seja evidente que uma
mudança de rumo se faz necessária, isto deverá ser fruto de nova consulta e
novo acordo coletivo.
v Estabeleçam as
normas do lar regularmente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário